As festas da Catequese

Liturgia 5 maio 2018  •  Tempo de Leitura: 4

O ano pastoral entra na reta final. Nos próximos domingos, muitas comunidades religiosas do nosso país celebram as festas da catequese, entre elas, as mais importantes, a Primeira Comunhão e a Profissão de Fé. A alegria do acontecimento congrega não apenas os familiares e os amigos das crianças envolvidas, mas também toda a comunidade dos fiéis, a família alargada dos amigos de Jesus que com eles caminharam durante estes anos de catequese. Com efeito, estas festas são uma consequência dos compromissos batismais que os pais, em contexto comunitário, assumiram para os seus filhos no dia do Batismo. Daqui em diante, no caso da Primeira Comunhão, a criança ganha um novo estatuto. Ela tem direito a aceder ao Corpo de Cristo, isto é, de participar plenamente na mesa eucarística em qualquer parte do mundo onde o «mistério da fé» é celebrado – que extraordinário privilégio, infinitamente belo e gratificante! A Profissão de fé, por seu lado, é uma festa que se assemelha a um rito de entrada na idade adulta. Aos 12-13 anos, os novos homens e mulheres vão reafirmar de viva voz o que os pais fizeram por eles, no dia em que foram apresentados à comunidade. E assim como Jesus, pelos 12 anos, se afastou da família de sangue para estar na casa do Pai e debater com os irmãos mais velhos os temas essenciais para uma vida com sentido, também os jovens são chamados a refazer este processo: apoiados pela nova família, hão-de procurar desenhar o projeto de vida que passa por tomar decisões estruturantes inspiradas pelos princípios da fé que professaram. Em resumo, eles irão esboçar um plano arquitetónico-existencial cujas suaves linhas são as da identidade cristã.


Neste sentido, as referidas festas são um passo importante no aprofundamento do compromisso com Jesus e na comunidade dos crentes, a mesma que, nos primórdios, reconhece que Deus não faz aceção de pessoas e, por isso, ninguém se deve ajoelhar diante de outro homem, mesmo que seja uma estrela do desporto, da arte ou de outra área qualquer. Dito de outro modo, é uma comunidade que se rege por valores intemporais e a norma decisiva é a do amor. Assim, tais expressões festivas não são motivadas pela «vã glória deste mundo», mas pelo amor que vem de Deus e nos torna mais comprometidos com a causa de Jesus. Este espírito é completamente antagónico à atitude consumista dominante que se entranha facilmente, até em termos religiosos e espirituais. Ela está presente naqueles que procuram apenas a festa e exigem o sacramento como uma espécie de prémio a que têm direito, mas negligenciam as responsabilidades associadas e rejeitam a comunidade. Na verdade, desconhecem a «alegria completa» que o Senhor promete aos seus amigos. Para eles em especial e para os pais dos nossos catequizandos, recomendo a leitura dos números 287-290 do documento A Alegria do Amor cujo autor é o nosso querido Papa Francisco. É um documento belo e desafiante, sobretudo para os casais cristãos. Através da reflexão pessoal e comunitária, da oração constante e empenhada, talvez seja possível contrariar o êxodo da comunidade e assistir ao ressurgimento de novos missionários. Porque, lembra-nos o Papa, «os filhos que crescem em famílias missionárias, frequentemente tornam-se missionários…».

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