V Quaresma: «Senhor, nós queríamos ver Jesus»

Liturgia 17 março 2018  •  Tempo de Leitura: 5

O namoro é a altura da vida que mais nos faz sonhar, sorrir, dialogar, querer dar, querer estar, querer ser…
Quando um Ser humano encontra a outra metade que o completa, o mundo fica repleto de cor,
o mar bravio acalma, o verde do jardim é perfume infinito, o céu escreve uma melodia e o sol dança!
Conseguimos montar o cenário de uma história de encantar e permanecemos deslumbrados e felizes!
Conhecermos o outro é fundamental e quando somos capazes de definir as suas qualidades,
apontar os seus defeitos e defender as suas atitudes com um certo glamour e alguma destreza
descobrimos que estamos completamente apaixonados e queremos a sua presença constante na nossa vida!

 

O nosso relacionamento com Deus é igual.
O Senhor dos Céus apaixona-se por nós todos os dias e conhece-nos, intimamente.
Quer transformar o namoro em algo mais forte…
«Estabelecerei com a casa de Israel e com a casa de Judá uma aliança nova.»
Permite que O encontremos, dá-Se a conhecer e declara-Se: «Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.»
Seremos para sempre o Seu Maior Amor e sempre que dialogarmos com serenidade:
«Criai em mim, ó Deus, um coração puro e fazei nascer dentro de mim um espírito firme. 
Não queirais repelir-me da vossa presença e não retireis de mim o vosso espírito de santidade»
Tudo o que é mal se transformará em bondade e tudo o que é incerto despertará a Esperança!

 

Este Amor tão fecundo e tão misericordioso capaz de nos oferecer o Seu Filho Primogénito,
para resgatar a nossa VIDA do pecado, que nos tece minuciosamente atalhos fugazes,
que nos afastam da «aprendizagem através da OBEDIÊNCIA no sofrimento» como Jesus o fez…

 

Hoje, no 5º domingo da Quaresma, Jesus vem como Grão de Trigo,
vem para nos dar a Salvação através da dor, com palavras duras:
«Quem ama a sua vida, perdê-la-á,
e quem despreza a sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna.»

 

Mas, quem será que despreza a VIDA?
Como é possível o Deus da Vida e do Amor afirmar que temos de morrer?
As dúvidas vagueiam na nossa mente e alojam-se no nosso coração,
como bactéria que corrói, provoca mal-estar e pode até aniquilar a vida!
Não queremos entender esta última demanda de Deus.
Não conseguimos aceitar que a morte é a nossa salvação!!!
O Messias entra em acção e tenta (incessantemente)
que o nosso coração se acalme e que a nossa mente processe bem a informação adquirida…
Fala-nos do grão de trigo que morre para dar fruto e aí está o princípio básico da vida!
Só que não conseguimos ver além daquilo que nos é facultado… e o grão de trigo foi feito para morrer!

 

Aceitar esta dura realidade é o que nos faz ter um nó na garganta e a lágrima no canto no olho,
sempre que o tema é a morte.
O egoísmo apodera-se do nosso peito e ficamos imersos pela mágoa…
Que falta de Fé… Que Esperança tão escassa habita em cada um de nós!
Não morre a nossa vida (como a conhecemos) quando descobrimos o AMOR?
Não ficamos anestesiados com o poder que o outro tem sobre as nossas acções?
Não queremos ver o outro feliz e ser feliz ao pé do outro? SIM…
É um constante morrer para que haja uma vida nova e para o AMOR dar Fruto e não permanecer só…
É assim que o Pai ama o Filho e o Filho ama o Pai e o grão é envolvido pela terra e alimentado pela chuva,
para que o sol o faça crescer e a VIDA não termine jamais…

 

Hoje, é preciso morrer para o “mundo” e despertar para uma VIDA NOVA,
onde a morte do grão de trigo se revela no rosto visível de Deus… Daquele que nos ama, infinitamente!

Liliana Dinis

Cronista Litúrgica

Liliana Dinis. Gosta de escrever, de partilhar ideias, de discutir metas e lançar desafios! Sem música sente-se incompleta e a sua fonte inspiradora é uma frase da Santa Madre Teresa de Calcutá: “Sou apenas um lápis na mão de Deus!”
Viver ao jeito do Messias é o maior desafio que gosta de lançar e não quer esquecer as Palavras de S. Paulo em 1 Cor 9 16-18:
«Porque, se eu anuncio o Evangelho, não é para mim motivo de glória, é antes uma obrigação que me foi imposta: ai de mim, se eu não evangelizar. (…) Qual é, portanto, a minha recompensa? É que, pregando o Evangelho, eu faço-o gratuitamente, sem me fazer valer dos direitos que o seu anúncio me confere.»

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