DOMINGO I DA QUARESMA: «o Espírito Santo impeliu Jesus para o deserto»

Liturgia 17 fevereiro 2018  •  Tempo de Leitura: 4

O que faríamos se o telemóvel deixasse de funcionar? Se o Tablet ficasse sem vida? Se chegássemos a casa e a internet não funcionasse? Se a rede Wi-Fi desaparecesse? Se o Bluetooth fosse algo do passado? Se todos os canais televisivos estivessem off? E se o telefone de casa já não emitisse qualquer som?  Estaríamos a viver um pesadelo… era como se um dilúvio inundasse a terra e nos deixasse à mercê da falta de comunicação, abandonados por todos, no meio de um deserto sem fim! Quem conseguiria viver desta forma, quando já experienciou tamanha destreza humana, onde um singelo toque num ecrã ou num botão nos leva a um mundo tão bom e rápido? Ninguém! Não podemos viver sem estas ondas electromagnéticas e invisíveis que nos controlam o agir…

 

Somos capazes de permanecer em frente a um ecrã durante horas a fio a pesquisar material de trabalho, ou à procura de coisas engraçadas para partilharmos nas páginas das redes sociais. Quando nos pedem um minuto para permanecermos em silêncio, em reflexão, em introspecção, ficamos com aquele ar de quem está a escutar algo sem sentido, sem princípio nem fim, algo totalmente descabido e impossível… quase tão mau como viver sem meios de comunicação social!

 

Hoje, no 1º domingo do Tempo da Quaresma, a Liturgia chega-nos servida “pelos Anjos”, e como vivemos num “deserto rodeados por animais selvagens”…  onde, teimosamente, queremos permanecer, bombardeados por tudo e sem sentirmos nada, desta forma onde é tão fácil ser tentado pelo mal e dizer-lhe sim… Precisamos desta Palavra mais do que de pão para a boca!

 

A Aliança profunda do Arco-íris foi totalmente aniquilada da nossa memória, fizemos “delete” à ideia de que Deus é cor e alegria… não é uma “Cloud” que armazena informação: «Sempre que Eu cobrir a terra de nuvens e aparecer nas nuvens o arco,  recordarei a minha aliança convosco!» Deus é capaz de transformar a nossa vida, que se encontra inundada por um dilúvio de informação,  num Baptismo de graças sem fim onde «Cristo morreu uma só vez pelos pecados – o Justo pelos injustos –  para vos conduzir a Deus. Morreu segundo a carne, mas voltou à vida pelo Espírito.» Não vemos as tentações do consumismo desmedido, nem somos capazes de enredar na nossa vida: «O Senhor é bom e recto, ensina o caminho aos pecadores.  Orienta os humildes na justiça e dá-lhes a conhecer a sua aliança.» Afasta-nos da Idolatria!

 

Precisamos de Silêncio e de Paz Interior! É urgente escutar a Voz de Deus e cumprir o que Jesus nos veio pregar: «Arrependei-vos e acreditai no Evangelho». Este arrependimento de viver agarrado ao virtual e longe do calor do toque humano  deve ser semeado por cada um de nós no coração de cada criança e de cada jovem, para que o futuro tenha raízes firmes neste presente, para que a Esperança desperte a Boa Nova que o Cristo nos veio dar: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus…» Porque vivemos desesperados e desalentados?

 

Inicialmente, as redes sociais serviam para aproximar os homens e as mulheres uns dos outros… Hoje, estas redes afastam os pais dos filhos, os amigos uns dos outros e  o diálogo olhos nos olhos, mão na mão, é coisa do passado!

 

Vamos ceder ao desafio do deserto do nosso quarto? Vamos ao encontro individual com a Palavra? Quando regressarmos a casa, tentemos permanecer em comunicação com Deus durante 5 minutos. Só o nosso adorável e misericordioso Pai e cada um de nós…  Naquela expectativa de que Deus vai colocar um like gigante e colorido no dia que está prestes a terminar, mas onde o nosso diálogo de Amor ainda nem começou…

Liliana Dinis

Cronista Litúrgica

Liliana Dinis. Gosta de escrever, de partilhar ideias, de discutir metas e lançar desafios! Sem música sente-se incompleta e a sua fonte inspiradora é uma frase da Santa Madre Teresa de Calcutá: “Sou apenas um lápis na mão de Deus!”
Viver ao jeito do Messias é o maior desafio que gosta de lançar e não quer esquecer as Palavras de S. Paulo em 1 Cor 9 16-18:
«Porque, se eu anuncio o Evangelho, não é para mim motivo de glória, é antes uma obrigação que me foi imposta: ai de mim, se eu não evangelizar. (…) Qual é, portanto, a minha recompensa? É que, pregando o Evangelho, eu faço-o gratuitamente, sem me fazer valer dos direitos que o seu anúncio me confere.»

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