Preço da vida: A história de Ghulam, enforcado por não renunciar à fé

Notícias 14 setembro 2017  •  Tempo de Leitura: 4

Foi preso, torturado e condenado à morte. Mesmo sem provas. Já na prisão, ofereceram-lhe uma oportunidade para se salvar: renunciar à fé em Jesus e converter-se ao Islão. Recusou. Foi enforcado no passado dia 13 de Agosto. A história de Indaryas Ghulam é reveladora de como os cristãos são perseguidos e maltratados no Paquistão.

 

Foram dias trágicos. Primeiro, em Março de 2015, quando, em consequência de um duplo atentado suicida contra duas igrejas num bairro cristão de Lahore, morreram 19 pessoas e mais de 70 ficaram feridas. Depois, na sequência desses ataques, gerou-se uma enorme onda de revolta e repúdio em Lahore, tendo ocorrido alguns episódios de violência. Num desses episódios, dois muçulmanos foram mortos pela população. As autoridades acusaram logo, entre outros, Indaryas Ghulam, de 38 anos, de ter sido um dos responsáveis pelos crimes. Mesmo sem provas. De nada valeram os protestos de inocência. No passado dia 13 de Agosto, um domingo, Ghulam foi enforcado na prisão, cumprindo-se assim a condenação à morte ditada por um sistema judicial corrupto e desleal. Quando foram autorizadas a recolher o cadáver, a viúva, de 36 anos, e as filhas, de 12, 10 e 6 anos, ficaram chocadas com os evidentes sinais de tortura que o corpo de Indaryas revelava, com vários cortes e queimaduras. Preso, torturado e morto por um crime que não cometeu, a história de Indaryas Ghulam é reveladora do perverso clima de perseguição que se tem abatido no Paquistão contra a comunidade cristã. O procurador Syed Anees Shah, responsável pela acusação e enforcamento de Ghulam, fez-lhe uma proposta terrível e inaceitável num Estado de Direito: ele seria libertado se aceitasse converter-se ao Islão. Ghulam recusou, sabendo que, com essa decisão, estava a assinar a sua própria sentença de morte.

 

Sem tratamentos

 

Ghulam é agora um mártir. Os últimos dias na prisão de Lahore devem ter sido horríveis. Sabe-se agora que estava também muito doente. Tendo contraído tuberculose cerca de três meses antes dos atentados às duas igrejas em Lahore, as autoridades não permitiram que ele tomasse qualquer medicamento, deixando-o dia para dia cada vez mais enfraquecido. A morte, chocante, de Indaryas, veio lembrar ao mundo como é tão frágil o valor da vida dos cristãos no Paquistão. De nada valeu a Indaryas ter afirmado, ter gritado, que estava inocente. À falta de provas, as autoridades torturaram-no, golpearam o seu corpo. Queimaram-no. Como não lhe arrancaram uma confissão, propuseram-lhe que renegasse a fé em Jesus em troca da liberdade. A sua recusa valeu-lhe a morte por enforcamento. A história de Indaryas vem recordar o caso, igualmente trágico, de Asia Bibi. Esta cristã, acusada de blasfémia por ter bebido um copo de água de um poço, foi também condenada à morte. O seu caso arrasta-se desde 2009. A vida de Asia Bibi depende apenas de um último recurso no Supremo Tribunal de Justiça. As histórias de Indaryas Ghulam e de Asia Bibi são reveladoras de como os cristãos são ignorados, perseguidos e humilhados no Paquistão. Mas são também a prova de que há cristãos que colocam a fidelidade a Jesus acima de tudo. Até quando arriscam a própria vida. Temos tanto a aprender com eles. Qual é o preço da nossa vida?

Fundação de direito pontifício, a AIS ajuda os cristãos perseguidos e necessitados.

Subscrever Newsletter

Receba os artigos no seu e-mail