Desafios da fé: A entrar nos rituais

Crónicas 7 novembro 2017  •  Tempo de Leitura: 3

Manda a tradição que na lua cheia do décimo segundo mês do calendário lunar tailandês se celebre o Loy Krathong. “Loy” significa flutuar e “krathong” é uma espécie de cesto feito de tronco e folhas de bananeira, flores, incenso e velas. Consiste em colocar o krathong a flutuar na água, normalmente num rio ou num lago, ao início da noite.

 

A origem ou explicação do ritual tem várias correntes. Aquela de que mais ouvi falar foi a budista. Neste caso o ritual tem um caráter libertador. Segundo esta crença trata-se duma purificação, renúncia e superação, pois a flutuar com o krathong, não vão só as folhas de bananeira e as flores mas também as nossas angústias, rancores, males e pontos fracos. Pode ser visto como um pedido de desculpas. Um começar de novo sem qualquer negatividade. Disseram-me também que, como símbolo do mal e do que está sujo, antigamente os tailandeses cortavam as unhas e o cabelo, colocando no krathong, para seguir na corrente da água, à luz da lua cheia. Outros defendem que o festival tenha começado na Índia, com origem hindu, similar ao Diwali, onde se depositam lâmpadas flutuantes sobre o Rio Ganges como expressão de gratidão à divindade do rio pela vida concedida ao longo do ano. Talvez seja por isso que outros colegas me explicaram que se trata de um agradecimento à Deusa do Mar, e que este ritual trará sorte durante um ano. Não há certezas.

 

Neste dia decorrem normalmente concursos de beleza com vestes tradicionais e fogos-de-artifício pelo serão.

 

Budista, hinduísta, de início na Índia ou na Tailândia, o que é certo, é que, estando por aqui neste dia, não há como fugir à oportunidade de “limpeza espiritual”. Não posso negar que ao olhar para o krathong a flutuar na água, acreditando no que ele significa, não se sinta uma certa leveza, de certo modo parecida com a que sentimos quando saímos de uma confissão. Todo o mal ficou ali. É uma nova oportunidade para recomeçar. Pelo sim, pelo não, também algumas unhas e umas pontas de cabelo nossas foram flutuar para o lago na passada sexta-feira… e no exato instante em que colocamos o krathong a flutuar ouviu-se o primeiro foguete. Que alegria! Segundo as tradições tailandesas, espera-nos um ano cheio de sorte.

Madalena Júdice Correia

Cronista "enviada" à Tailandia

A hotelaria é a sua paixão profissional e trabalha para a Ritz-Carlton. Muito curiosa. Acredita que podemos ser pessoas um bocadinho melhores todos os dias, se estivermos dispertos para isso. Tem muita vontade de viver ao máximo a vida que Deus lhe oferecer. A melhor forma de estar é ao ar livre e em boa companhia. Um amigo uma vez disse que ela tinha uma certa loucura saúdavel.

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