Em busca de uma fé sincera

Crónicas 3 novembro 2017  •  Tempo de Leitura: 1

Estava disposto a ir até ao fim do mundo se aí pudesse purificar o seu sentir. Mas grande parte dos males que sentia, a si mesmo os devia... alimentou-se durante demasiado tempo de mentiras, histórias tortas e sonhos fúteis. O seu coração batia por baixo daquele enorme monte de lixo.

Decidiu deixar-se.

Naquele dia, deixou todas as coisas que tinha para trás, na esperança de, através desse despojamento, ser mais. Expulsava o mal de si mesmo, à procura de descobrir o bem que pressentia acompanhá-lo sempre, desde sempre, mas que há muito tempo sufocara.

As lágrimas e os gemidos do seu sofrimento davam-lhe força.

Sem nada nas mãos e com todo o caminho pela frente, sentiu um alívio que palavra alguma pode explicar. Sem nada ter, ficou apenas o mais importante: o poder de se dar e, entregando-se ao mundo e aos outros, contava, dessa forma, reconquistar um coração puro.

Caminhava muitas vezes de olhos fechados, boca cerrada, inspirando e suspirando de forma profunda.

O caminho era duro, cada passo adiante era uma conquista da luz às trevas, da eternidade à morte, do amor ao egoísmo. A resistência era potente e permanente. Um só descuido e a tragédia seria certa.

Arrependia-se e perdoava-se.

Amar não é estar presente em momentos soltos. É ser presente, sempre. É a coragem de acreditar de forma honesta, mesmo contra toda a história, as evidências e as previsões.

A fé sincera que buscava encontrou-a no rumo dos seus passos. Não é um destino nem uma paragem, é um percurso pessoal em direção ao eterno.

Artigos de opinião publicados no site da Agência Ecclesia e Rádio Renascença.

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