Fazia a minha habitual viagem de comboio, com regresso a casa, e reparava em todas as pessoas que se cruzavam comigo.

Reparava nos seus rostos: uns fatigados, outros preocupados e ansiosos, outros alegres e tristes. E pensava em como a vida decorre de forma tão apressada em cada um de nós. 

Reparava naqueles que ali viajavam comigo e sentia o "peso" que cada um levava consigo. 

As suas respirações eram pautadas pelo seu estado de espírito, os seus movimentos eram coordenados pelo toque no ecrã do telemóvel e os seus olhares...os seus olhares estavam perdidos.

E no meio de todas aquelas pessoas fixei-me numa e em pensamento comunicava-lhe:

"Sabes que existe alguém que dá sentido a todo este movimento?

Tens noção de que és amado por Aquele que é verdadeiro AMOR?

Tens consciência de que nada disto é por acaso e que existe algo bem maior do que tu?

Conheces Aquele que te sustenta em todas as horas do teu dia?

Imaginas o quão valiosa é a tua vida e o poder que ela pode ter nos outros?".

Ali, naquelas questões transmitidas pelo meu pensamento, tentava chegar ao outro com o toque do meu olhar. 

Ali, naquelas questões transmitidas pelo meu pensamento, tentava transmitir a mensagem do AMOR que não foi amado e reconhecido pelo mundo.

Ali, naquelas questões transmitidas pelo meu pensamento, viajava na certeza de que independentemente da fé que cada um professa, não há um único homem ou mulher que possa negar o AMOR.

Naquela viagem que metaforicamente representava as nossas vidas, questionava todos os que deixavam-se tocar, se teriam coragem de negar o AMOR se o reconhecessem como o amor pleno. 

Nesta viagem que todos embarcamos somos desafiados a que "esta vida passe, não enquanto temos Deus, mas enquanto O buscamos.".

Somos constantemente desafiados a abrirmos o nosso coração a esta beleza e a este mistério, para aquele em quem "vivemos, nos movemos e existimos.".