Idosos: Construtores do nosso presente!

Crónicas 17 novembro 2020  •  Tempo de Leitura: 2

Ao celebrar este domingo o IV Dia Mundial dos Pobres, imediatamente o meu pensamento repousou nos mais velhos da nossa comunidade.

 

Um acontecimento novo quebra sempre o tempo, as continuidades e os projetos. Com maior razão, um evento dramático como uma pandemia, que suspende o tempo, e o tempo do mundo.

 

Se já antes, os noticiários falavam dos idosos quando se constatava casos de maus-tratos, ou permaneciam "hospitalizados" porque nenhum familiar os recebia em casa; neste tempo é o seu sofrimento com surtos em lares e casas de repouso.

 

Estas pessoas pertencem às pessoas sem voz, frágeis e indefesas. Somos uma sociedade que cresce porque a expectativa de vida aumenta, mesmo que a qualidade de sua vida não cresça. É uma sociedade que vive cada vez em mais casas na "periferia das cidades". Cada vez mais casas…

 

São os idosos parcial ou totalmente não autossuficientes, presenças silenciosas e esquecidas de uma sociedade obrigada a correr. As vítimas desta velocidade cultural são as mais lentas, ou seja, as mais fracas, incluindo os idosos em lares de longa duração. Eles são cada vez mais notícia. Basta ver a televisão… 

 

Das janelas e vidros internos das casas onde estão (parece a solução encontrada para a proximidade possível nestes tempos), mesmo por motivos graves e dolorosos, os seus rostos tornam-se uma interrogação à dignidade do ser humano enquanto tal. 

 

O mais fraco, o mais frágil sempre bate à porta da consciência. Não pede palavras de ordem tranquilizadoras, mas pensamentos que geram atos de amor e justiça sem os quais tudo, até a política, desaparece.

 

Quando falamos sobre os aspetos da saúde, esquecemos os emocionais. A emoção afeta a saúde, isso tem de ser levado em consideração.

 

As gerações mais velhas nos últimos meses esperam acima de tudo cuidado, proteção e apoio. São eles que acabam no hospital. Os idosos esperam a nossa atenção, a atenção à sua fragilidade. Eles compreendem que serviço e cuidado não são exatamente a mesma coisa, nem os serviços são proximidade. Que os seus direitos se tornem efetivos, não tanto pelas frases feitas, mas pela bondade do trabalho, pelos olhares de reconhecimento, pela visita, pela escuta.

 

Sejamos nós capazes de estender as mãos a estes construtores do nosso tempo presente.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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