O Santo das coisas simples.

Crónicas 13 junho 2017  •  Tempo de Leitura: 3

Estamos a viver o mês dos Santos Populares. Hoje é Santo António, mas vão chegar o São João e o São Pedro. E por que é que são populares? Porque apelam às chamadas tradições do povo. Que tradições são essas? Pois... É aqui que "a porca torce o rabo"...

 

Esta noite, quase que não conseguia caminhar nas ruas, pátios e calçadas de Lisboa... Depois das sardinhas e entre uma imperial ou outra, questionava-me: o que seria da Igreja se tivesse tanta gente nas Missas ou noutras celebrações? Ou numa outra perspetiva: será que a nossa fé conseguiria "chamar" tanta gente como "as sardinhas" na noite de Santo António?

 

Creio que os santos populares, são de facto, populares, porque conseguem cativar a grande maioria do povo. Então, por que é que a fé, sendo esta perspetiva para um presente esperançoso e para um futuro feliz, não consegue?

 

É preciso reconhecer, de facto, que os santos da tradição cristã são, quase sempre, excecionais. Tiveram uma vida heróica. Praticaram as virtudes cristãs de uma forma quase "anormal". Esta "forma heróica" é um modo de ser e estar fora do normal. Fizeram ou disseram algo muito incomum. Muitos dos cristãos rezam a estes porque esperam, também, algo extraordinário. Aliás, se esta noite perguntasse aos convivas o que era para eles Santo António, quase de certeza que me iriam falar da sua capacidade de encontrar um noivo ou uma noiva. E isto porque estamos em Portugal. Recordo, nos anos que vivi em Itália, que a resposta seria o pão de Santo António. O pão nosso quotidiano que este iria "assegurar"...

 

A devoção popular parte dos milagres para chegar à santidade. A santidade que convence é a santidade "milagrosa"! Uma devoção feita desta maneira, tem algo ou muito de "espetacular". Quando acontece é muito admirada, mas muito afastada do dia a dia.

 

Então, precisamos de santos "ordinários"! Santos que não fazem nada de excecional. Santos que vivem o seu dia a dia sem fazerem "milagres". Santos como o Papa João Paulo II! Santos que vivem o seu quotidiano com esperança, independentemente das dificuldades e dos desafios que encontram. Que milagres é que fez o Papa João XXIII? O atual Papa, Francisco, não esperou nenhum "milagre" para o proclamar santo...

 

Nós precisamos de uma santidade destas... Uma santidade que é fruto da procura constante de Deus. Uma procura que é a busca do Amor de Deus. Uma procura do amor contínuo do Senhor. Esse que se encontra na família, no trabalho, nas relações sociais, profissionais ou afetivas, seja onde for e continuamente ao longo da vida.

 

Santo António, São João e São Pedro nos ajude a viver a santidade na vida quotidiana.

 

Votos de uma semana Santa.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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