Ridicularismo total

Crónicas 4 outubro 2019  •  Tempo de Leitura: 2

Vivemos na era de um novo radicalismo e fanatismo. Estamos a caminhar por caminhos perigosos e a fazer verdadeiras entradas a pés juntos em tudo o que se faz, diz ou pensa. Entramos num tempo, onde caímos redondamente na patetice de elevarmos ao extremismo o politicamente correto levando, assim, àquilo a que eu denomino de "ridicularismo" total.

 

Pertencemos ao "ridicularismo" total quando não conseguimos distinguir humor de racismo. Pertencemos ao "ridicularismo" total quando não aceitamos que algumas pessoas tenham uma opinião diferente da nossa e que isso não faz com que o outro tenha qualquer tipo de fobia ou seja completamente intolerante. Pertencemos ao "ridicularismo" total quando não conseguimos perceber que a nossa humanidade é igualada na diferença existente em cada um. Pertencemos ao "ridicularismo" total quando deixamos de usar o senso comum para interpretarmos e decifrarmos aquilo que são as relações e a vida que existe ao redor das mesmas. 

 

Estamos a usar o politicamente correto para nos fecharmos numa ditadura do silêncio. Numa ditadura que disfarçadamente nos vai impondo o que se pode ou não dizer. Queremos implementar aquilo pelo qual os nossos bisavós, avós e pais lutaram: a intolerância medida entre o preto e branco, esquecendo que na vida de cada um existem milhares de cinzentos e outras milhares de cores. Colocarmos uma só ideia, uma só verdade, não nos leva ao respeito, mas ao ridículo de querermos anular a diferença que nos ajuda a avançar, a respeitar e a amar. 

 

Esta é a nova arma construída por todos nós com o intuito de querermos respeitar e sermos amáveis com todos, mas, uma vez mais, estamos a fazer tudo ao contrário, porque continuamos com a mania de pegar em algo bom e colocar num extremismo fanático pronto a destruir o que de melhor temos: o respeito e a consciência verdadeira daquilo que somos e fazemos! 

 

Não nos alistemos ao "ridicularismo" total, nem às "Al-Qaedas do politicamente correto". Tenhamos, isso sim, a perspicácia de nos colocarmos no centro de cada situação e pessoa e, acima de tudo, ganhemos algum sentido de humor que é uma outra forma de nos protegermos do ridículo!

Nasceu em 1994. Mestre em Psicologia da Educação e do Desenvolvimento Humano. Psicólogo no Gabinete de Atendimento e Apoio ao Estudante e Coordenador da Pastoral Universitária da Escola Superior de Saúde de Santa Maria. Autor da página ©️Pray to Love, onde desbrava um caminho de encontro consigo mesmo, com o outro e com Deus.

 

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