E se não te preocupasses com o que os outros pensam?

Crónicas 25 setembro 2019  •  Tempo de Leitura: 2

Já pensaste? Já pensaste como seria se não considerasses, permanentemente, as opiniões dos outros? Já imaginaste como seria a tua vida se não tivesses sempre a sombra do possível julgamento alheio?

 

Não sei se já conseguimos parar para pensar no impacto que recebemos dos outros. Ainda que não tenhamos (sempre) consciência disso, vivemos para agradar, para ser queridos, para ser amados. Enquanto lemos estas últimas palavras, já estamos a murmurar que não. Connosco não é assim. A nossa independência e a nossa preciosa individualidade não se compadecem das opiniões alheias e das decisões que os outros tomam. Será, mesmo, assim?

 

Parece-me que vivemos reféns do que os outros pensam. Mesmo que o façamos sem querer ou com uma ténue consciência disso. Importa-me (MUITO) o que os outros pensam de mim e a forma como os outros me veem. Ninguém gosta de imaginar que há alguém que pensa mal de nós, que não confia nas nossas atitudes ou, até, que nos arruma na categoria do desprezível. A verdade é que não fazemos ideia do impacto que os nossos pensamentos têm nas nossas atitudes, nos nossos gestos e nas nossas expressões faciais. Que mensagem estaremos a transmitir? Compreenderão os outros o que trazemos guardado no silêncio do coração e não dizemos a ninguém?

 

Conhecemo-nos mal. Não baixamos a guarda o suficiente para querer conhecer, realmente, os outros. Conhecemos as partes que nos interessam. As mais profissionais, mais proativas, mais generosas. Mas se o outro nos oferece um lado mais abrutalhado ou menos simpático, lá cai por terra toda a empatia construída.

 

Os outros também somos nós e nós também somos os outros. Fazemos parte do mesmo círculo, ainda que nos julguemos especiais. Enquanto eu me debruço sobre o que os outros estarão a pensar sobre mim, não vivo como quero nem sou como sou. Acabo por ser um produto que quero oferecer. Lamentavelmente, quando (só) quero corresponder às expectativas dos outros, sou um presente mentiroso. Que não existe.

 

És o mesmo quando ninguém olha para ti?

 

Esperamos que sim.

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Marta Arrais

Cronista

Nasceu em 1986. Possui mestrado em ensino de Inglês e Espanhol (FCSH-UNL). É professora. Faz diversas atividades de cariz voluntário com as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus e com os Irmãos de S. João de Deus (em Portugal, Espanha e, mais recentemente, em Moçambique)

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