«Doce olhar misericordioso».

Crónicas 17 setembro 2019  •  Tempo de Leitura: 2

Fez este domingo 26 anos que o padre Giuseppe Puglisi, mais conhecido por Don Pino (zézinho) Puglisi, foi assassinado pela máfia em Palermo pelo seu trabalho com jovens delinquentes e traficantes de droga. Já aqui escrevi sobre ele.


O assassino testemunhou mais tarde o seu arrependimento porque ao cometer tal atentado verificou que «havia uma espécie de luz naquele sorriso» - no sorriso do padre Pino.


Não tenho dúvidas. No sorriso do Beato Giuseppe Puglisi vislumbrava-se o doce perdão do Pai que acolhe o Filho Pródigo. O Pai que acolhe de braços abertos todo aquele que se arrepende do caminho errado e pretende voltar às veredas da felicidade divina.


Tamanha coincidência este ano litúrgico que me oferece as parábolas da Ovelha e da Dracma perdidas ou do Filho Pródigo, no dia do nascimento terreno e eterno deste santo homem que dedicou toda a sua vida ao serviço dos pobres, dos perdidos, dos manipulados de uma sociedade que serve-se dos mais frágeis.


Aquele sorriso, copiado deste Pai que acolhe o filho perdido, era a consolação de Deus. Aquele sorriso que Don Pino deu ao seu assassino era a paz da presença de Deus no seu coração. Creio que quem o matou, viu no seu sorriso o perdão de Deus. Don Pino foi capaz de demonstrar no seu instante último desta sua vida, tudo quanto acreditou e viveu: Deus é amor e está sempre disposto a acolher-nos no nosso regresso a casa.


O sorriso de Don Pino, foi o sorriso do bom pastor que não foge ao seu compromisso, mas acolhe. Acolhe até aquelas ovelhas que andam completamente perdidas. Vive a felicidade do seu regresso ao redil.


De facto, Deus está sempre disposto a acolher-nos. Somos aquela ovelha perdida! Esqueçamos as outras 99! Jesus nesta parábola, justamente como a mulher e a sua Dracma, pretende evidenciar o Amor do Pai. Preocupa-se com a nossa felicidade. Preocupa-se com os nossos olhares perdidos; as nossas vidas sem rumo. Tal como o Pai que acolhe aquele filho, também Deus rejubila com a Ovelha e a Dracma que é cada um de nós, quando são encontradas. Quando nos encontramos com esta luz; quando nos encontramos com este doce olhar misericordioso.


Tenhamos a coragem de Don Pino em conhecer realmente a misericórdia de Deus e assim a testemunhar neste nosso mundo que parece sem rumo e sem redil. 

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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