«Se eu não parar para ajudar esse homem...»

Crónicas 16 julho 2019  •  Tempo de Leitura: 3

A parábola do Bom Samaritano é inspiradora! Recordo que a primeira crónica que escrevi para o iMissio foi sobre esta história bíblica contada por Jesus e que é a base para uma verdadeira definição e missão do que é ser voluntário. 

 

Amar o próximo é de facto fazer-se próximo do outro, principalmente do outro mais necessitado. Para isso é preciso olhar e ver, ouvir e compreender, andar e agir. Não é um substituir o outro, mas um compreender e ajudar no que for necessário e da forma possível.

 

Martin Luther King, num discurso que fez a 3 de Abril de 1968, no templo Bispo Charles Mason, em Memphis, Tennessee, um dia antes de ser assassinado, “Eu estive no topo da montanha”, citou esta parábola para defender a participação na manifestação dos "homens da limpeza urbana", por melhores condições de trabalho e respeito pelos seus direitos.

 

Disse ele que muitas vezes tentava imaginar as razões que levaram o Sacerdote e o Levita a não ajudarem aquele homem assaltado, ao contrário do Samaritano. Chegou a uma conclusão muito interessante. Mais exatamente a uma pergunta. Assim, os primeiros colocaram-se esta questão: “Se eu parar para ajudar esse homem, o que me acontecerá?” Mas o bom Samaritano inverteu a pergunta: “Se eu não parar para ajudar esse homem, o que lhe acontecerá?”.

 

Esta deve ser a questão que todo o cristão deve colocar-se: Se eu não fizer nada para que a realidade de tantos seres humanos mude, o que lhes acontecerá?

 

Estamos sempre dispostos a "apontar" os defeitos e as necessidades… Estamos sempre dispostos a "apontar" o que está mal… Somos os primeiros a dizer que isto está difícil, que o mundo está cada vez mais egoísta, que cada um pensa apenas em si mesmo e esquece o outro… Já fiz algo para corrigir defeitos e necessidades? Já fiz algo para acabar com o mal? Dei o primeiro passo para acabar com o egoísmo, o egocentrismo? 

 

O problema é que muitas vezes "desfaço-me" em desculpas para justificar o injustificável. Dizemos que não temos tempo. Dizemos que não temos dinheiro. Dizemos que já tenho a minha família. Tenho o meu trabalho…

 

Somos "sacerdotes" e "levitas". Muitas vezes preocupámo-nos em cumprir as "regras" do cristianismo, mas infelizmente, sem Cristo. Ele é o Bom Samaritano! Ele encarnou, aproximou-se de nós. Deus ao ver o gemido do ser humano, enviou o próprio Filho. Jesus escutou a prece de conhecidos, como a família de Lázaro, mas também dos que "eram desconhecidos", como os leprosos, os cegos, os coxos…

 

Jesus viu, ouviu e agiu.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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