E Tu, Jesus, o que farias?

Crónicas 5 julho 2019  •  Tempo de Leitura: 3

Entristece-me quando nós, que formamos a Igreja, somos tremendamente extremistas colocando doutrinas em cima e acima de pessoas. Fico desiludido quando a instituição Igreja Católica Apostólica Romana faz uma separação entre puros e impuros, dignos e indignos. 

 

Esquecemo-nos muito facilmente dos acontecimentos. Parece que não nos lembramos que tudo isto começou com Aquele em que acreditamos pregado e abandonado numa cruz. Completamente despido. Renegado e negado por aqueles que Lhe eram mais próximos e que foi unicamente acompanhado pelas prostitutas (que tanto desprezavam e continuamos a desprezar). 

 

É certo que não vale tudo, mas não vale a pessoa em si mesmo? Não vale ser acolhido e escutado? Não vale ser perdoada e acompanhada para depois sim experimentar o dom da fé? 

 

A doutrina que fazemos deveria ser alimentada pelo amor dos atos de Jesus e fundamentada com o Seu olhar. Não me acredito que este Jesus faria a divisão entre normais e anormais. Ou entre perfeitos e deficientes.

 

Como olharia Jesus para os divorciados e recasados? Com severas punições e proibições ou sentar-se-ia a escutar e a falar? 

 

Como se sentaria Jesus ao lado dos homossexuais? Com medo e desprezo ou acolhendo-os das bermas das estradas da vida como tantas vezes fez com os leprosos? 

 

Como acolheria Jesus os sedentos de fé e os afastados da Igreja por diversos motivos? Apontando-os ainda mais o dedo ou percebendo a humanidade e a fragilidade que a todos nos assiste? 

 

Não se trata de ser politicamente correto, nem de querer seguir modas, porque bem sei que há muita coisa a ser discutida e pensada, mas a forma como se age colocando-nos em extremismos faz com que tornemos a nossa existência em algo tão redutor, como se a vida se cingisse em preto e branco e não pudesse ser também ela pintada de imensos cinzentos e de imensas cores brilhantes e cheias de vida. 

 

Por isso, quando acharmos que alguém deve ser afastado, que alguém não tem o melhor estilo de vida, nem está segundo certas normas pensemos como Jesus interviria e pensemos se também nós não pecamos de igual forma ou pior. 

 

Termino com uma frase que me diz muito e que me fez olhar de forma diferente para mim e para os outros: "Não conheço ninguém mais pecador que eu". 

 

Que sejamos uma Igreja ciente dos seus pecados em vez de uma Igreja coberta de uma santidade hipócrita e falsa!

Nasceu em 1994. Mestre em Psicologia da Educação e do Desenvolvimento Humano. Psicólogo no Gabinete de Atendimento e Apoio ao Estudante e Coordenador da Pastoral Universitária da Escola Superior de Saúde de Santa Maria. Autor da página ©️Pray to Love, onde desbrava um caminho de encontro consigo mesmo, com o outro e com Deus.

 

Subscrever Newsletter

Receba os artigos no seu e-mail