Domingo de Ramos: «O maior entre vós seja como o menor…» - Ano C

Crónicas 13 abril 2019  •  Tempo de Leitura: 4

Gestos… movimento… atitude… sem omissão e sem paragem!
Olhares… secos e tristes… com lágrimas e com mágoas… com revolta e com raiva!
Silêncios… perguntas sem respostas… respostas que ferem… acusações falsas… discursos distorcidos!
Suor… angústia… dor… temor… contrição… Sangue… Paixão!

 

Hoje, revivemos os últimos momentos da vida de Jesus na terra, como um simples carpinteiro;
como filho de Maria uma mulher humilde e de José, um homem da Casa de David;
como um homem que teve sede, que teve fome, que teve amigos, que muito amou…
Este reviver deveria colocar no nosso pensamento,no nosso coração, na nossa Alma
uma coragem capaz de dizer basta a todas as formas de indiferença com que vemos, sentimos e permitimos
que a maldade habite, coabite e mova toda a humanidade!

 

Os profetas, mais concretamente Isaías, auguram sobre o que iria acontecer:
«Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba;
não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam.»
Os salmos suplicam com dor e com tristeza:
«Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?»
S. Paulo, após tudo estar consumado, faz com que cada um de nós entenda:
«Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz…»
E… nós? Passamos indiferentes perante o espetáculo:
«Matilhas de cães me rodearam, cercou-me um bando de malfeitores.
Trespassaram as minhas mãos e os meus pés,  posso contar todos os meus ossos…»

 

Lucas, o Evangelista da Misericódia, é capaz de nos colocar a visualizar
certos pormenores dos últimos momentos do Cristo, Nosso Senhor e Único Salvador…
Escutar O Evangelho do Ano C, de olhos fechados, de pé, com os braços caídos, com o coração aberto…
este é o desafio para este fim-de-semana!
Vamos escutar a nossa vida e as respostas de Jesus perante a maldade!
Será que quando o mal vem, até nós, fechamos o nosso coração?
Vamos escutar as nossas palavras e as vozes dos díscipulos!
Será que no meio da atrocidade discutimos sobre o pormenor mais remoto como: “quem será o maior?”
Vamos escutar a nossa capacidade de Ser amigo!
Será que quando alguém se afasta de nós, inquietamo-nos e vamos instar com esse alguém?
Vamos escutar os atos de carinho que saem de dentro de nós!
Será que os nossos beijos são puros ou cortam como espadas de dois gumes?
Vamos escutar os passos que damos ao seguir Jesus!
Será que levamos no peito a coragem, ou acobardamo-nos no primeiro sufoco?
Vamos escutar a multidão que o acolheu com palmas e ramos de oliveira e agora condenam-No sem AMOR!
Será que somos mais uma voz na multidão, a entoar a morte e a silênciar a vida?

 

Não podemos reviver esta Paixão do Senhor do lado de quem O queria ver morto,
do lado dos soldados romanos que se alegram com o sofrimento, com o sangue derramado…
Nós não estamos desse lado! Mas devemos reviver esses dolorosos momentos como os Escolhidos,
como os Baptizados, como os que aceitaram seguir o Mestre, os que foram enviados sem nada e “nada lhes faltou”:
«Quando vos enviei sem bolsa nem alforge nem sandálias, faltou-vos alguma coisa?».
Eles responderam que não lhes faltara nada.»
os que comeram com Jesus, os que foram amados pelo Messias…

 

Não fiques indiferente perante a injustiça, a violência, a maldade e o desamor com que o século XXI vive…
Senão serás um amigo de Jesus capaz de O trair, de O negar, de O abandonar!…

Liliana Dinis

Cronista Litúrgica

Liliana Dinis. Gosta de escrever, de partilhar ideias, de discutir metas e lançar desafios! Sem música sente-se incompleta e a sua fonte inspiradora é uma frase da Santa Madre Teresa de Calcutá: “Sou apenas um lápis na mão de Deus!”
Viver ao jeito do Messias é o maior desafio que gosta de lançar e não quer esquecer as Palavras de S. Paulo em 1 Cor 9 16-18:
«Porque, se eu anuncio o Evangelho, não é para mim motivo de glória, é antes uma obrigação que me foi imposta: ai de mim, se eu não evangelizar. (…) Qual é, portanto, a minha recompensa? É que, pregando o Evangelho, eu faço-o gratuitamente, sem me fazer valer dos direitos que o seu anúncio me confere.»

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