IVQ: «Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos…»-Ano C

Crónicas 30 março 2019  •  Tempo de Leitura: 5

Reprimo… o grito que me vai na alma, quando sinto que sou injustiçado!
Reprimir… é a acção que, deliberadamente, tomo perante a alegria que me faz entristecer!
Reprimido… é o estado em que permaneço, ao verificar que a minha presença assídua, não é suficiente!
Estes sentimentos avassalam-nos, porque não somos capazes de ser só por Ser… de fazer só por fazer…
de ter só por ter… de amar, só por amar! Sem esperar ser recompensado!
Sem esperar fazer a diferença na vida de alguém! Sem esperar ter algo mais!
Sem esperar o amor de quem partilha connosco os momentos!

 

Este veneno que alimenta a nossa dignidade tem nome e não é fácil encontrar um antídoto para aniquila-lo.
O Egoísmo, o nosso Amor-Próprio desmedido, transporta-nos, muitas vezes,
para uma realidade onde só nós conseguimos ter lugar… onde só nós habitamos!
Por muito que Deus nos ofereça tudo o que é necessário para a nossa vida, nós achamos sempre pouco.
Aquele gosto de quem está insaciado não nos sai da cabeça e pioramos quando tal paladar chega ao coração.
Então, Deus vem e diz-nos: «Hoje tirei de vós o opróbrio do Egipto». 
E nós deveríamos responder com alegria:  
«Nós somos, portanto, embaixadores de Cristo; é Deus quem vos exorta por nosso intermédio.»
No entanto, esta coragem, este ânimo, que nos devia mover…
abala-se com pormenores e pequenas manchas, que nos alimentam como se fossem frutos da Terra de Canaã,
quando O Pão Vivo é a única forma de saciar a nossa Alma: «Saboreai e vede como o Senhor é bom.»
Com tudo isto e muito mais:
«Enaltecei comigo ao Senhor e exaltemos juntos o seu nome. 
Procurei o Senhor e Ele atendeu-me, libertou-me de toda a ansiedade.»

Como podemos não abrir a boca e proclamar aos quatro cantos do mundo?

 

Hoje, no 4º domingo da Quaresma, na ALEGRIA profunda do Encontro entre o Pai e o filho arrependido;
ressalta-nos a visão do Filho primogénito, que pela sua conduta permanente ao serviço, que pela sua disponibilidade,
que pela sua obediência total ao Pai, se sente mal amado, angustiado e reprimido:
«Há tantos anos que eu te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua…»
Como o entendemos, meu Deus… e como pecamos, por não rejubilarmos com a alegria dos outros,
porque não amamos, verdadeiramente, ao jeito do Teu primogénito que se fez homem e é O Cristo que nos salva!

 

Da parábola do Filho Pródigo colhemos o fruto da Misericórdia, para todos os que se arrependem.
Este abraço terno do Pai, para mim e para ti, que somos pecadores, é o ar puro que nos regenera o sorriso.
Para todos os que anseiam matar a fome e se assumem como fracos:
«Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho,
mas trata-me como um dos teus trabalhadores.»
É a certeza de que Deus é Amor! Deus é nosso Pai!
Deus ama-nos de uma maneira tão intensa e imensa que nem conseguimos imaginar.
É aquele olhar de Jesus redentor que nos traz a Paz de Espírito e a vontade de querer regressar “À Casa” do Pai.

 

Todos aqueles que habitam, que dão cor, que dão a vida (a sua própria vida) a “Esta Casa”,
os nossos irmãos que fazem o Bem, com os pés firmes e colados neste caminho que é tão árduo,
são como Jesus: o nosso exemplo a seguir, hoje, ontem, amanhã e para todo o sempre.
Hoje, a nossa oração deve ser por todos os que caem na tentação do Egoísmo (nem que seja por breves momentos)
ao ansiarem «…um cabrito para fazer uma festa com os amigos.»(não faças o mal, só porque os outros o fizeram).
Por todos estes Filhos mais velhosque obedecem ao Pai, vamos publicaro que merecem sentir e escutar:
«Então o pai veio cá fora INSTAR com ele. (…)”Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu!”.»
E tu… que és Filho mais Velho, aceita essa missão sem te esqueceres que: Quem faz o bem e bem…
será sempre o motivo pelo qual o Pai vem e vai ao encontro de toda a humanidade! Tudo é teu… Alegra-te!

Liliana Dinis

Cronista Litúrgica

Liliana Dinis. Gosta de escrever, de partilhar ideias, de discutir metas e lançar desafios! Sem música sente-se incompleta e a sua fonte inspiradora é uma frase da Santa Madre Teresa de Calcutá: “Sou apenas um lápis na mão de Deus!”
Viver ao jeito do Messias é o maior desafio que gosta de lançar e não quer esquecer as Palavras de S. Paulo em 1 Cor 9 16-18:
«Porque, se eu anuncio o Evangelho, não é para mim motivo de glória, é antes uma obrigação que me foi imposta: ai de mim, se eu não evangelizar. (…) Qual é, portanto, a minha recompensa? É que, pregando o Evangelho, eu faço-o gratuitamente, sem me fazer valer dos direitos que o seu anúncio me confere.»

Subscrever Newsletter

Receba os artigos no seu e-mail