IIIQ: «Senhor, deixa-a ficar ainda este ano…» - Ano C

Crónicas 23 março 2019  •  Tempo de Leitura: 4

Miserável… não é de todo o que queremos escutar sobre a nossa vida!
Miserável… aquele adjectivo que raramente é utilizado no discurso direto, pois é de uma violência atroz!
Miserável… nem eu quero ser, nem quero que alguém o seja ou esteja!
Há ainda quem goste de provar que é mais importante do que qualquer outro Ser Humano e,
cai na tentação de tornar miserável a vida desse Filho de Deus.
Quando a violência das palavras e dos gestos é de tal ordem bárbara… o que será que sente o Pai, nosso Criador?

 

Paremos um pouco…
Vamos respirar este ar fresco ainda pouco primaveril, mas já com uma pontinha de encanto e de brilho…
Vamos escutar o que dizemos aos outros? Vamos avaliar o que deixamos por fazer? Vamos analisar o que fizemos?
Quantas vezes, fomos os opressores de alguém?
«Eu vi a situação miserável do meu povo no Egipto; escutei o seu clamor provocado pelos opressores.»
Quantas vezes, tivemos medo de defender o bem, a justiça e apontamos caminhos de miséria e violência?
«O Senhor faz justiça e defende o direito de todos os oprimidos. 
Revelou a Moisés os seus caminhos e aos filhos de Israel os seus prodígios.»
Quantas vezes, a maldade e a cobiça saem do nosso coração e da nossa boca, como nuvem que tapa o sol?
«Não murmureis, como alguns deles murmuraram…»
Quantas vezes, ao servir Deus com a nossa vida, alimentamos a nossaforma de estar e ser?
Não terminamos com a miséria que habita no mundo e derramamos o sangue dos outros, ao provocar-lhes tristeza.
Somos violentos, até na forma como não olhamos para quem está na rua a passar por nós!

 

Hoje, o 3º domingo da Quaresma vem converter a nossa vida num caminho mais justo e mais claro,
onde o Arrependimento daqueles gestos mal-amados, daquelas atitudes que ficam em suspenso,
são o oásis desta vida deserta, onde a secura da terra árida não deixa que os frutos sejam abundantes!
O Mestre diz-nos com uma candura total: «…se não vos arrependerdes, morrereis todos de modo semelhante.»
Matamos aos poucos e poucos a nossa condição bela e sonhadora de Filhos de Deus.
Constatamos o mal que os outros carregam
e apreciamos que o nosso peito albergue aquelas pequenas nuances de violência.
Por vezes, uma palavra de incentivo: “Tens razão! Não vale a pena falar com essa pessoa!
é mais cortante que um machado de pedra: «Deves cortá-la.»
Aqueles momentos em que temos a oportunidade de ser misericordiosos para com os outros
são para agarrarmos com unhas e dentes!!!
Não podemos desperdiçar um momento de ternura pura, um momento com Deus e perto do Cristo,
um momento de Misericórdia (sem miséria): «Talvez venha a dar frutos.»

 

Andamos tão distraídos com as nossas coisas, os nossos sonhos e a nossa vontade,
que a Quaresma está a passar e ainda não adubamos a terra!
O que fazer? Há tanto, mas tanto ramo para podar na nossa Alma,
que o corpo até tem medo de sentir na pele tamanha violência!

 

Esta semana é propícia a equinócios.
Está na hora de o dia ter 12 horas como a noite!
Está na hora de assumirmos quem somos verdadeiramente,
e o que temos que executar para que a Benignidade paire pela terra!
Porque não?… Fazer uma mudança interior?
Evita a violência da tua inércia e da tua miséria, quando fazes de contaque não viste, que não sabes,
que não podes fazer algo contra o mal que está ao teu lado e se espalha rapidamente!

 

Toma! É tua! Usa a tesoura de poda (mas larga o machado que corta sem coração) e não olhes para trás:
Começa pela violência da ausência de atos corajosos… Poda-os! Faz crescer os frutos do perdão e da concórdia!

Liliana Dinis

Cronista Litúrgica

Liliana Dinis. Gosta de escrever, de partilhar ideias, de discutir metas e lançar desafios! Sem música sente-se incompleta e a sua fonte inspiradora é uma frase da Santa Madre Teresa de Calcutá: “Sou apenas um lápis na mão de Deus!”
Viver ao jeito do Messias é o maior desafio que gosta de lançar e não quer esquecer as Palavras de S. Paulo em 1 Cor 9 16-18:
«Porque, se eu anuncio o Evangelho, não é para mim motivo de glória, é antes uma obrigação que me foi imposta: ai de mim, se eu não evangelizar. (…) Qual é, portanto, a minha recompensa? É que, pregando o Evangelho, eu faço-o gratuitamente, sem me fazer valer dos direitos que o seu anúncio me confere.»

Subscrever Newsletter

Receba os artigos no seu e-mail