Não terminamos de florescer

Crónicas 25 fevereiro 2019  •  Tempo de Leitura: 3

Se eu sinto falta do silêncio saiba eu reconhecer que entre cada palavra há o silêncio. Se é a solidão que me faz falta saiba eu procurar o espaço entre as pessoas. Saiba eu reconhecer que sempre que dou espaço ao outro estou no meu espaço e não no nosso espaço. Que o espaço do outro não me incomode, mas pelo contrário me apazigue, me traga paz ao coração. Seja eu capaz de ver que a chuva não é somente água, é também o espaço entre as gotas. Ser fora da caixa. Ver para além do que me faz falta. Ver o que tenho. Ser escuteira ao ponto de com o que tenho ser capaz de construir o que necessito. Se isso implica estar a escrever à meia-noite antes de adormecer. Se isso implicar meditar mais. Que seja. Que eu me comprometa com a minha felicidade. Que eu comprometa em mudar já que percebi que o lugar psicológico onde as minhas acções me trouxeram não me faz feliz.

 

Seja eu capaz de assumir que caí em mim, que estou caída dentro de mim. E que esta é minha oportunidade para amanhecer. Seja eu capaz de ver quando a vida me pede para amanhecer, para crescer, para evoluir. Seja eu capaz de me deixar moldar o suficiente para ser feliz comigo neste tempo e neste espaço. Seja eu capaz de compreender que nunca terei tudo o que necessito para ser feliz. Seja eu capaz de compreender que a felicidade consegue-a quem é louco o suficiente para com o que tem conseguir atingir o que lhe falta.

 

É preciso ver. É preciso de deixar os caminhos que nos levam sempre aos mesmos sítios, as roupas que nos fazem parecer sempre da mesma maneira. É preciso aceitar que mudámos e de alguma maneira precisamos de vestir essa mudança. E ser diferentes. Ser diferentes não porque queremos mas porque percebemos que a nossa normalidade já não nos serve, já não nos faz feliz. Ser diferente para chegar a sítios diferentes. Talvez aonde haja mais paz, mais serenidade, mais amor, mais compreensão. Precisamos de limpar-nos. Precisamos de esvaziarmo-nos de normas, de rotinas. Precisamos de ousar ser quem somos em vez de quem fomos ou quem costumávamos ser. Já não somos mais essas pessoas. Essa pessoa habita no passado, habita no ontem. Precisamos de aceitar e vestir este hoje. Que talvez pareça igual, talvez até pareça que fomos buscar características de outras pessoas que já fomos. Não. Somos só nós a crescer, a mudar, a evoluir em cada segundo, em cada momento, em cada instante, em cada dia. Estamos sempre a crescer. Não terminamos de florescer. 

paula ascenção sousa. a minha religião é o amor. cresci católica, descobri-me missionária. acredito e vivo o amor sem rótulos, sem barreiras, para todx. vivo do amor,  por amor e com amor e para amar.

Subscrever Newsletter

Receba os artigos no seu e-mail