A Essência do Natal (2)

Crónicas 11 dezembro 2018  •  Tempo de Leitura: 3

Escrevi a semana passada que pouco interessavam as iluminações das ruas, as decorações das igrejas ou das nossas casas, o que se comia e vestia ou o que iríamos dar como presentes, se o nosso interior não estivesse ocupado com a essência do Natal, ou seja, se no nosso coração não estivesse a esperança que é Jesus na Manjedoura. E esta essência tem que ser depois projetada para o exterior, no e para o outro.

 

Que essência é esta?

 

Pode parecer exagerado, mas por vezes o Natal corre o risco de ser o mesmo que um casamento sem os noivos. Parece que o importante é haver festa. Se eliminarmos o protagonista principal do Natal, este fica completamente vazio, apesar de todo o consumismo. Todos sabemos que esta festa é cada vez mais um instrumento para fins exclusivamente comerciais e hedonísticos, reduzindo-a a uma pura exterioridade. Confundimos e substituímos o "fim com os meios". Devemos fazer festa porque Jesus vem até nós; fazer festa porque abitados por Jesus; fazer festa porque queremos levar Jesus aos outros.

 

Vivemos, cada vez mais, o Natal com a "emoção". O problema é que com o Dia de Reis, esquecemos todo o "espírito de natal". Daí o desidério: «Natal deve ser sempre que o Homem quiser!»… Muita emotividade e pouca vontade...

 

A "emoção" está bem expressa nos qualificativos que damos à quadra: tempo de paz; tempo da família; tempo da solidariedade… Nada disto é o verdadeiro Natal. É apenas consequência da essência do Natal. Aliás, a O.N.U. celebra o Dia Mundial da Paz a 21 de setembro e a Igreja Católica no dia 1 de janeiro. Também a Igreja celebra o Dia da Sagrada Família no Domingo que separa o Natal do Ano Novo. Até o Dia da Solidariedade Humana foi instituído pelas Nações Unidas em 2005, no dia 20 de dezembro…

 

O dia 25 de dezembro poderia ser o Dia da Esperança. Aqui, até os não crentes, para quem a Encarnação é apenas um mito que serve de consolo numa história humana cheia de violência e tristeza, conseguem subtrair-se à forte sugestão da esperança, que sempre deu energia e força a todas as utopias de libertação e que se volta a anunciar a cada dia 25 de dezembro.

 

A essência do Natal é Deus que irrompe na nossa humanidade. A solenidade do Natal do Senhor celebra o memorial desta "invasão" de Deus na história da humanidade e de cada um de nós. Assumindo a forma da nossa natureza humana, Ele eleva-a até ao céu. E é isto, somente isto que para todo o crente é motivo de festa e de alegria. A essência de Natal é este Jesus na Manjedoura!

 

E quem é este Jesus na Manjedoura?

 

Que seja o trabalho para esta segunda semana de Advento.

 

"Bom trabalho"!

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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