O Meu Companheiro de Caminhada

Crónicas 23 maio 2017  •  Tempo de Leitura: 4

Aproximamo-nos do final do mês de Maio, o mês de Maria, que também é dedicado aos Sacramentos. Celebrações, que em geral, se prolongam até ao fim de Junho. Ainda ontem, um jovem perguntou-me: «Vou ser padrinho de batismo, mas não sou católico. Que devo dizer ao padre?» Perguntei-lhe qual a sua religião. «Sou... Talvez, agnóstico...»


Aqui está uma questão, sempre adiada, da nossa vivência cristã católica. O que é ser Padrinho ou Madrinha? Não pretendo escrever aqui um tratado de teologia ou de pastoral sacramental, mas apenas salientar algumas ideias chave que me orientam nesta temática. Sim, também eu sou padrinho. Comecei aos 16 anos com uma linda menina que hoje anda na casa dos trinta e acabei à dois, com um jovem na mesma faixa etária. No primeiro sou padrinho de Batismo, de uma bebe. No último de Crisma, de um homem já adulto.

 

O padrinho, quer no inicio da vida cristã pelo Batismo, quer no Crisma, dom pleno do espírito Santo, mais do que palavra deve ser gesto, atitude, testemunho. Ou seja. O padrinho ou a madrinha deve ser palavra encarnada na vida. Com a sua maturidade de pessoa crente, com a sua participação convicta nos momentos celebrativos da comunidade cristã, indo continuamente ao encontro de Jesus, deve ser mais forte do que qualquer lindo discurso feito.

 

O afilhado deve ver no padrinho a beleza da vida de fé que é felicidade e plenitude. Infelizmente enquanto sociedade consumista, continuamos a convidar para padrinhos gente com dinheiro, ou então, amigos e familiares para não "termos chatices" com estes. Aqui, esta missão evangelizadora fica-se pela celebração e por um ou outro presente em datas específicas...

 

Os pais são os primeiros educadores na fé. Porém, os padrinhos, devem ser auxiliares dessa mesma tarefa. Não devem transcurar a oração, o serviço e a prática religiosa. Em sentido contrário, os jovens já têm os amigos, os colegas de escola, do ATL ou de outra atividade recreativa/desportiva. A cultura atual tem muitas solicitações para coisas mais "aprazíveis" e de "consumo imediato". Cabe aos padrinhos, juntamente com a família, serem aquela "rocha fiel" que permanece perante tudo o que é volátil: hoje vale, mas amanhã, não.

 

A presença do padrinho pode ser muito preciosa quando acompanha de forma próxima, com descrição e sem ser impositiva, e transforma-se numa referência credível e confiável. Um padrinho capaz de permanecer numa tensão equilibrada entre o desejo de ser um bom cristão e as limitações que a própria natureza humana impõe, é um modelo para o jovem afilhado. Mais do que dar conselhos, oferece um modelo de vida, com testemunhos significativos e experiências concretas de pertença comunitária a esta Igreja de Jesus.

 

Ao longo da vida, o padrinho deve ser companheiro de caminhada. Capaz de ouvir as suas angústias ou alegrias; capaz de perceber as perguntas verbalizadas ou não; capaz de compreender as desilusões e os sonhos e assim, à luz da palavra do único Mestre, Jesus, orientar o jovem no caminho fé. Nesta missão, deve-se mostrar que o cristianismo não é tarefa fácil, mas que ajuda-nos a ser felizes.

 

Uma "testemunhante" semana.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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