Só se vê bem com o coração.

Crónicas 13 novembro 2018  •  Tempo de Leitura: 4

Este fim de semana foi intenso. Tive a oportunidade de participar no evento "3 milhões de nós" organizado pelos grupos de Jovens Fraternos da Verbum Dei que desenvolvem a sua atividade na paróquia do Campo Grande em Lisboa. A Aula Magna da reitoria da Universidade de Lisboa, estava cheia. Cerca de 1700 pessoas, maioritariamente jovens.

 

No dia anterior às celebrações do centenário do Armistício da Primeira Guerra Mundial, estes jovens demonstravam interesse nos assuntos relativos ao seu presente e ao seu futuro. Jovens que estiveram dispostos a pensar "fora da caixa". Uma expressão usada pela irmã Núria Frau, missionária da Verbum Dei, e que eu tantas vezes uso no encontro com os jovens e os menos jovens. Numa sociedade de tanta informação e pouca formação, temos que pensar diferente.

 

Numa sociedade com tantas noticias verdadeiras e falsas, as "Fake News", estes jovens ousaram pensar de outra forma: a paz, a felicidade é de quem aspira interrogar a realidade que o circunda. Usando as palavras do Ricardo Araújo Pereira: "O que estou aqui a fazer?"; "Por que é que nascemos se temos que morrer?". A vida é a procura da resposta a estas questões. E se queremos "encontrar" respostas plausíveis, temos que ser capazes de pensar fora da cultura atual que é imediata. Hoje procuramos satisfazer as nossas necessidades de uma forma rápida, que tal como uma "droga" é uma resposta momentânea que logo se transforma numa nova dependência…

 

A paz mundial tem que ser um caminho. Não é algo qua alcanço com o fim da guerra. Estar a caminho é a atitude de quem ainda não chegou. A  paz entre as nações deve se este caminho. Deve ser o objetivo que, constantemente, se procura atingir. O mundo anda enganado ao pensar que tem o armamento suficiente para manter a paz. Não! A paz é um fim jamais alcançado.

 

Tal como os jovens são capazes de pensar o seu presente e perspetivar o seu futuro, todo o ser humano tem que se potencializar para questionar diariamente qual o caminho para a paz verdadeira.

 

E é aqui que eu entendo o Evangelho deste domingo: Só se vê bem com o coração. Jesus ensina os seus apóstolos a ver, não com os olhos da cara, mas com aqueles do coração. Mais do que olhar à quantidade de dinheiro oferecido ao tesouro do Templo, é preciso estar atento ao empenho de uma VIDA que é dado por aquela viúva que… Dá TUDO o que tem.

 

Mais do que as comemorações do Armistício tenho que ver as atitudes que diariamente tomo para a "feitura" da paz. Mais do que criticar certas vivências dos jovens, tenho que ver o propósito dessas vidas.

 

Jesus desloca o olhar do que se vê para o que se é. Só os olhos do coração é que são capazes de ver para além do olhar. Como podemos ler n'O Principezinho: «"Adeus", disse a raposa. "Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos". "O essencial é invisível aos olhos", repetia o principezinho a fim de se recordar.»

 

Ousemos pois, como os jovens este fim de semana, pensar "fora da caixa". Ousemos pensar de forma diferente do que é habitual. Ousemos pensar à Jesus Cristo. Não foi Ele motivo de "escândalo" para os homens do seu tempo?

 

Uma santa semana de oração pelos seminários.

 

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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