Reconhcer-se pecadora

Crónicas 19 outubro 2018  •  Tempo de Leitura: 3

"Estejam atentos diante de cristãos, sejam eles leigos, padres, bispos,
que se apresentam como "perfeitos", rígidos.
Estejam atentos! Não há o Espírito de Deus ali."
Papa Francisco - Homília na Missa na Casa Santa Marta (16.10.208)


 
Este excerto, que dá início à crónica desta semana, vem trazer a todos nós a consciência de que sermos cristãos não nos torna seres superiores e que no meio de todos temos muitas faltas a apresentar. No meio de todos não devemos apresentar aquilo que não somos. Não devemos agir como meros fariseus que se encontravam, tantas e tantas vezes, no fim das sinagogas a escutar Jesus com a hipocrisia das suas vidas. 


Sermos cristãos que "batem muito com a mão no peito" e que conhece imensamente da lei e do julgamento faz com que não tenhamos conhecimento algum da maior de todas as leis deixada por Jesus Cristo. Não adianta muitos rituais, nem muitas aparências se na vida de todos os dias não formos capazes de reconhecer aquilo que realmente somos, nem reconhecermos o outro como merecedor do mesmo perdão que eu. 

 

Não adianta muitos ensinamentos, nem muitas boas ações se depois aquilo que professamos cai completamente por terra através do testemunho que damos para o mundo. E é nisto que a Igreja Católica tem perdido. É por isto que tantos homens e mulheres se têm afastado, porque não conseguem encontrar um testemunho verdadeiro, genuíno. 

 

E está na altura de existirem mudanças. Está na altura de reconhecermos que a Igreja sendo santa, porque fundada por e em Jesus Cristo, é toda ela pecadora. E a Igreja não resolverá os seus pecados enquanto não se reconhecer como pecadora. 

 

Reconhecendo-se e percebendo a sua verdadeira essência poderá caminhar, aí sim, para a santidade que tantas vezes tenta transmitir. É deixar cair as máscaras da rigidez e da perfeição. É deixar cair as máscaras da intolerância e da superioridade para que assim possa, estando no mundo, chegar ao Céu e dar o Céu a todos nós. 

 

Reconhecer-se pecadora para que possa, efetivamente, dar testemunho de que através da sua fragilidade é possível alcançar-se a santidade e o amor de Deus. 
Reconhecer-se pecadora para que não se tente ser aquilo que não é, nem se ofereça aquilo que não se tem. 

Nasceu em 1994. Mestre em Psicologia da Educação e do Desenvolvimento Humano. Psicólogo no Gabinete de Atendimento e Apoio ao Estudante e Coordenador da Pastoral Universitária da Escola Superior de Saúde de Santa Maria. Autor da página ©️Pray to Love, onde desbrava um caminho de encontro consigo mesmo, com o outro e com Deus.

 

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