O que é que fazemos com o que não podemos mudar?

Crónicas 10 outubro 2018  •  Tempo de Leitura: 2

A vida de cada dia desafia-nos permanentemente. Muitas vezes, desafia-nos de formas pouco razoáveis, que chegam a ultrapassar-nos. Os desafios de cada dia (mesmo os mais pequenos) acabam por condicionar a nossa forma de ver o que se passa à nossa volta e, mais ainda, de ver os que estão à nossa volta. A verdade é que nem sempre estamos à altura do que nos acontece e isso pode não ser, necessariamente, mau. Quando não sabemos lidar com um assunto, um desafio ou uma pessoa, teremos que encontrar estratégias para o fazer. Claro que, às vezes, seria mais fácil deixar (ou abandonar) os assuntos, os desafios ou as pessoas. No entanto, esse caminho não nos leva longe nem nos ajuda no imediato. Cada um terá que encontrar a sua forma de viver cada momento e de o encaixar na sua história.


Confrontados com a possibilidade de dois caminhos profundamente distintos, nem sempre conseguiremos escolher o trilho certo. É possível que cheguemos a meio do percurso com a sensação de que devíamos ter escolhido exatamente o contrário. É possível que não consigamos, a esse ponto, voltar para trás. Não faz mal. O caminho certo é andar. Para a frente. Para trás é que nunca é caminho. Nem nunca há-de ser.
Entre percursos e desafios vamos tentando encontrar sentido para cada coisa, para cada acontecimento. Nessa viagem acabaremos por perceber que há sentidos que nunca se encontram e que há respostas que nunca chegam. Não faz mal. Ninguém disse que tínhamos que saber sempre tudo e, além disso, é bonito que haja espaço para algum mistério. A dificuldade estará, ainda assim, em saber quais as respostas que vale a pena procurar e quais as perguntas que vale a pena esquecer.


Quando a busca de respostas e de explicações te fizer esquecer do mais importante é altura de parar. Quando o caminho te levar a magoar os outros, é altura de repensar os passos que te nascem na sola dos pés. Quando não puderes mudar o cenário, adapta-te e aprende a ser paisagem. Quando as pessoas te derem menos do que aquilo que julgas merecer, aprende a não esperar por elas. Não deixes de as tratar com amor mas não te prendas. Quem quer estar preso ao chão, nunca vai ser asa.

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Marta Arrais

Cronista

Nasceu em 1986. Possui mestrado em ensino de Inglês e Espanhol (FCSH-UNL). É professora. Faz diversas atividades de cariz voluntário com as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus e com os Irmãos de S. João de Deus (em Portugal, Espanha e, mais recentemente, em Moçambique)

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