O amor que muda o mundo

Crónicas 10 setembro 2018  •  Tempo de Leitura: 3

A missão muda-nos. A missão muda-nos começando pelo avesso. A missão não se trata somente de encontrar a outro, de encontrar a Deus ou de encontrar o amor. A missão faz-me encontrar-me. Cada passo que dou ao encontro do outro é um passo que dou na descoberta de mim, de Deus e da imensidão do seu amor. Na medida em que conheço, vivo e sinto histórias de sofrimento e tristeza profunda conheço, vivo e sinto igualmente o amor de Deus por cada uma dessas pessoas e por toda a humanidade. Em cada um desses momentos descubro novamente infinidade do amor de Deus por mim.


Podia falar-vos de todos os hábitos que mudaram, da diferença de culturas e de tantas outras coisas que para mim agora são banais e até há algum tempo não eram. Mas a missão não é isso. A missão é encontrar jesus em cada rosto. Crescer com cada história. Amar cada pessoa que cruza o meu caminho. Caminhar com este povo faz-me crescer e em cada dia descobrir a imensidão do amor de Deus por cada um de nós.

Estar em missão fez-me perceber o que durante os poucos anos de experiência de vida e profissional não tinha conseguido. Sempre que me falavam de afetos e da sua importância acenava que sim e seguia adiante. Os afetos não são importantes. Os afetos, neste caso o amor, é o combustível do mundo. Sem ele não nos resta nada mais que comer, dormir e respirar. Sem ele a vida é vazia, oca. Diz são Paulo que se não temos amor não somos nada. E tantas vezes li a passagem bíblica. Agora vivo-a. Não preciso de nada além de amor para viver. Posso não ter dinheiro para aquela casa, aquele carro ou até ser desempregada. Mas tenho amor e isso basta-me. É esta a história do amor e da cabana que tanto falam. Sim é possível. A cada manhã o sol brilha e eu sinto-me amada por Deus. Esse amor leva-me a sair ao encontro dos irmãos e é subindo e descendo a serra que esse amor se materializa por entre conversas, histórias e abraços. Ao final do dia não se trata do quanto fiz mas sim do quanto amei, do quanto me entreguei e do quanto me permiti ser instrumento de Deus. No final do dia não conto o dinheiro para comprar uma casa melhor mas sim o amor para um mundo melhor.  

paula ascenção sousa. a minha religião é o amor. cresci católica, descobri-me missionária. acredito e vivo o amor sem rótulos, sem barreiras, para todx. vivo do amor,  por amor e com amor e para amar.

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