Sob um Manto de Luz...

Crónicas 16 maio 2017  •  Tempo de Leitura: 4

Depois da visita do Papa Francisco a Fátima, como é que voltamos a "pôr os pés assentes no chão"? Encontramo-nos ainda no Tempo Pascal, faz hoje precisamente um mês que celebramos a Páscoa do Senhor Jesus, como a temos anunciado?

Na minha crónica de 4 de Outubro de 2016 escrevi: «Sem questionar a vinda do Santo Padre ao centenário das aparições, o que para uns parece muito importante, para outros já não é bem assim. (...) Será que é mais importante a presença do Papa que a sua mensagem? Será que nos 'sentimos órfãos' sem ele? (...) Francisco é um pontífice das periferias. Será que os nossos bispos nos estão a dizer que estamos na periferia da fé? (...) Perante esta caraterização, se o Papa vier apenas a Fátima, parece-me compreensível. Se demorar-se entre nós, como pretendem os nossos bispos, já me parece preocupante...»

Recordo que na altura ainda se discutia o programa e destinos da viagem do Papa, entre autoridades religiosas e civis.

Foi com enorme alegria que, na impossibilidade de estar naquele local sagrado, segui a peregrinação do Santo Padre. Procurei ser peregrino como ele. O que ele tinha a dizer-me e à Igreja Portuguesa em geral.

A minha satisfação começou no momento em que Francisco comunicou que se deslocava apenas a Fátima como peregrino. As viagens apostólicas deste Papa caracterizam-se por deslocações a periferias. Quer dizer que não foi o nosso caso. A viagem a Fátima é “algo especial, de oração” e de “encontro com o Senhor e com a santa mãe de Deus”.

Francisco veio dizer que a mensagem de Fátima é crucial no mundo de hoje. E qual é essa mensagem? «Temos mãe! Temos mãe!» E que mãe é essa? A citação da Evangelii Gaudium nº 288 na Bênção das Velas, esclarece: «Sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do carinho. Nela vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos mas dos fortes, que não precisam de maltratar os outros para se sentirem importantes (…). Esta dinâmica de justiça e de ternura, de contemplação e de caminho ao encontro dos outros é aquilo que faz d’Ela um modelo eclesial para a evangelização».

É este o modelo de mãe que a Igreja Portuguesa tem que anunciar! É esta mãe que a nossa Igreja tem que ser! Todos nós cristãos devemos antepor a misericórdia ao julgamento: «Possamos, com Maria, ser sinal e sacramento da misericórdia de Deus que perdoa sempre, perdoa tudo».

Se naquela Sexta Feira, Jesus assumiu todos os nossos pecados, no Domingo de Páscoa, libertou-nos de todos eles. Por Amor! E é em Maria que recordamos esta ternura misericordiosa de Deus para com o Ser Humano. Não há espaço para o medo ou para o temor, porque somos amados. A Mãe estende sobre nós o seu manto de luz, que não é mais que o amor do seu Filho. É o manto de quem seguiu Jesus em primeiro lugar.

Uma iluminada semana.

 

[Foto: @Força Aérea Portuguesa]

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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