Como em todas as minhas idas ao Porto não podia deixar de passar naquela que é a nossa igreja de eleição: Igreja de Santo António dos Congregados. Digo nossa, porque refiro-me a mim e aos meus pais. Desde pequeno que, com eles, ao chegar à Invicta, dirijo-me sempre àquela amável igreja. Encanta-me o seu silêncio e, acima de tudo, a frequência com que o Santíssimo está exposto a todos os que a visitam. 

E, claro, desta vez não foi diferente, mas houve algo que me agradou profundamente. Agradou-me, como me agrada sempre, ver o ato de duas jovens: uma delas ajoelhada e outra sentada. Ambas em plena contemplação, em verdadeira oração com o Pai. 

Ali, fora do barulho citadino e da pressa do mundo, estavam estas duas jovens a entregarem-se ao Senhor, dando testemunho de que precisam d'Ele para caminhar no dia de todos os dias. No silêncio e na contemplação estavam a "alimentar-se" d'Aquele que sempre está nas suas tão preciosas vidas. 

Agrada-me ver todo o tipo de pessoas em oração, mas confesso que me agrada ainda mais ver jovens em conversa desenfreada com o Deus do amor. E agora, mais do que nunca, vivemos numa altura onde a moda dos mindfulness e das meditações estão em qualquer canto. E nós, como cristãos, esquecemo-nos que há muito temos um ótimo "comunicador": a oração. A oração que nos ajuda a descobrir quem somos. A oração que nos ajuda a perceber o que podemos ser. A oração que nos eleva o coração ao céu.

No ensinamento da fé quase não dispomos de tempo para incentivarmos os mais novos a estarem com Deus. Falamos-lhes de tudo, damos-lhes imensas lições de vida e até mesmo discussões bastante teológicas, mas esquecemo-nos de lhes darmos tempo para terem tempo de estarem com o verdadeiro Deus. 

Não adianta falarmos muito, nem arranjarmos melodias muito bonitas, se não dermos, aos jovens, oportunidades de se encontrarem com o Deus de que tanto ouvem falar. Precisam de oração para criarem uma relação. Precisam de comunicação para entrarem no Seu coração. Não vivemos somente da solo scriptura. A nossa fé necessita deste nosso encontro íntimo com o Criador. Não um encontro cheio de fórmulas, com medos ou receios, mas uma conversa simples e de coração humilde, que seja verdadeira demonstração de que, independentemente das nossas dúvidas ou fraquezas, confiaremos sempre a nossa vida ao Senhor do Senhores, confiaremos sempre a nossa vida ao "Deus que está".

Não tenhamos medo da oração, nem mesmo depois de termos pecado. Não tenhamos medo da oração, nunca!

A oração faz-se quando nos deixamos somente estar. A oração faz-se quando, mesmo sem sabermos o que dizer, estamos simplesmente a contemplar a Sua presença no Santíssimo Sacramento. 

Deixemos que a oração seja o "alimento" da nossa alma e do nosso coração!