Seres contagiados pela a alegria do Evangelho

Crónicas 3 julho 2018  •  Tempo de Leitura: 4

Este fim de semana houve ordenações sacerdotais em duas dioceses portuguesas. Em Lisboa foram ordenados sete novos sacerdotes, cinco diocesanos e dois  religiosos e um diácono, também ele de uma congregação religiosa. Em Lamego, D. António Couto ordenou um sacerdote.

 

Longe vão os tempos em que as nossas dioceses ordenavam sacerdotes "à mão cheia". Se repararmos dos cinco diocesanos, três vêm do Seminário "Redemptoris Mater" de Lisboa: dois são italianos e um é colombiano. Quais são as causas desta grande diminuição das vocações?

 

O contexto social e cultural em que vivemos não ajuda. A nossa sociedade caracteriza-se pela globalização, pelo indiferentismo e pelo individualismo.

 

A globalização, que a nível económico já percebemos que exclui mais do que inclui as pessoas no dito desenvolvimento, levou os cristãos a pensar que usando uma "mesma linguagem" se expandiria a fé, a evangelização e, como consequência, o aparecimento das vocações. Não. Uma globalização que se caracteriza essencialmente pela riqueza material, deixa de fora o espiritual. Como diz o Papa Francisco, a nossa cultura é marcada pelo consumismo que esquece a beleza da vida simples tão impregnada pelos valores evangélicos.

 

A cultura do descarte, centrada no eu e na minha autorrealização leva-me ao relativismo e ao indiferentismo perante o outro e o que interessa à sua realização. A fé só faz sentido se realiza o ser humano. O ser humano parece não se interessar por realidades que não lhe dê essa realização no imediato. Como escreveu o Papa Bento XVI: «Será que, dada a atual abundância de informação, ainda haverá lugar, no quadro das nossas almas, ou, como parece frequentemente acontecer, será que o Evangelho só pode ser escrito completamente na margem?»

 

Finalmente o individualismo, que se assume como característica da pós-modernidade ocidental. A competição exacerbada deteta-se logo na infância quando os pais já querem ver os seus como "os melhores" na escola, na prática desportiva, na família...

 

Vivemos numa sociedade em que as regras económicas substituem as leis morais. Por isso é preciso deixar-se evangelizar e, depois, comprometer-se com a evangelização. Os jovens de hoje não são menos generosos que os anteriores. Eles comprometem-se no voluntariado e na ajuda ao próximo. Vivem num mundo que é bastante mais "rápido" e complexo do que aquele de à 40 ou 50 anos atrás. Eles enquanto buscam uma vida espiritual diferente daquilo que o mundo oferece, são seduzidos e vitimas da lógica mundana.

 

O compromisso dos cristãos de hoje é de estar ao lado deles, como o Papa Francisco tanto pede, e contagiá-los com a alegria do Evangelho e da pertença a Cristo. Só assim evangelizaremos a nossa cultura e os nossos jovens.

 

Quando a rotina, o cansaço, o peso da gestão das estruturas, as divisões entre cristãos, a sede de poder, a maneira mundana de viver, o autoritarismo se transformam no dia a dia dos cristãos, são um enorme contratestemunho para os nossos jovens.

 

Enquanto cristãos, não podemos esquecer a nossa missão profética. Não podemos deixar de ser leais para com o próximo e o distante e manter sempre nova a centralidade de Jesus na nossa missão. Missão esta que é o anúncio do próprio Cristo, com esperança e alegria na oração e na ação.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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