Solenidade de S. João Baptista

Crónicas 23 junho 2018  •  Tempo de Leitura: 4

Gosto da imagem do batedor!
Aquele que vai à frente para abrir caminho a alguém realmente importante.
Gosto de verificar que ainda há quem não se importe de ser apenas um “limpa estrada”…
alguém que quase não tem nome… alguém que providencia a segurança do outro…
alguém que se coloca “à frente da bala”… alguém que se dá, inteiramente, e é capaz de perder a própria cabeça…
Gosto! C
Gostaria, também, de ter a coragem para ser batedor, mas é um bocadinho… como se diz? “Louco, demais!”
Especialmente, a parte de perder a cabeça…

 

Vivemos dias de folia e de muita festa popular… de perder, verdadeiramente, a cabeça, certo?
Muita sardinha, muito vinho tinto, muito chouriço, muita cerveja, muita broa,
muita dança, muitos carrocéis, muitos manjericos, muito alho porro, muita martelada e alegria!
Tudo nos fala de S. João Baptista!

 

João o Menino que não teve o nome de família, mas sim o nome que Deus lhe deu:
«Vós formastes as entranhas do meu corpo e me criastes no seio de minha mãe. »
Falar deste Santo popular é dar voz à Voz… é ter na «…boca uma espada afiada…»
e permitir que Deus nos transforme«…numa seta aguda, e nos guarde na sua aljava.»

 

Hoje, a Liturgia envia-nos para o deserto para encontrarmos uma solenidade profunda:
O Nascimento do Santinho popular João, o Baptista… aquele que nos ensinou que a água lava a nossa Alma,
mas«…depois de mim, vai chegar Alguém, a quem eu não sou digno de desatar as sandálias dos seus pés.»
O verdadeiro batedor, que deixou, desde o dia do seu nascimento, todos perplexos e intrigados:
«Quem virá a ser este menino?». 

 

No dia do nosso nascimento, os nossos pais olharam para nós e também se interrogaram: “Quem serás tu?”
Zacarias e Isabel aniquilaram essa dúvida no momento em que escolheram o nome de João.
No seu coração o Espírito Santo semeou a Esperança de que o Reino de Deus jamais esqueceria o “seu” menino!

 

Não foram apenas as Palavras que fizeram do “Baptista” um grande profeta.
As Suas atitudes de humildade, a simplicidade com que viveu, as vestes modestas,
a força com que falava fez a profecia de Isaías sair do papel e ganhar forma:
«Não basta que sejas meu servo, para restaurares as tribos de Jacob e reconduzires os sobreviventes de Israel. 
Farei de ti a luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra». 

 

Obra de Deus!
É o que és… é o que somos e não é por ti, nem por mim. É Deus quem habita em cada um de nós!
Teremos, eternamente, dias bons e dias maus…
Dias em que emitimos uma robustez única e segura,
e noites em que o nosso coração avassalará:
«Cansei-me inutilmente, em vão e por nada gastei as minhas forças». 
e o sol irá raiar sempre, após a loucura da madrugada!
A obra de Deus não pode permanecer indiferente perante a injustiça,
nem perante a forma fútil, medíocre e mesquinha
com que vivem os nossos irmãos!
Temos de voltar ao deserto dessas vidas sem rumo
e, com Amor, falar-lhes da Misericórdia do nosso Criador!
Temos de ser Luz! Temos de Ser BATEDORES… pois um dia Jesus voltará!

 

Aquele que nasceu antes do Mestre, antes do “Cordeiro de Deus, que tirou o pecado do Mundo” é Luz!
Como eu sou luz e tu és luz, se quisermos perder a cabeça e viver, louca e diariamente, o Evangelho do Cristo!

Liliana Dinis

Cronista Litúrgica

Liliana Dinis. Gosta de escrever, de partilhar ideias, de discutir metas e lançar desafios! Sem música sente-se incompleta e a sua fonte inspiradora é uma frase da Santa Madre Teresa de Calcutá: “Sou apenas um lápis na mão de Deus!”
Viver ao jeito do Messias é o maior desafio que gosta de lançar e não quer esquecer as Palavras de S. Paulo em 1 Cor 9 16-18:
«Porque, se eu anuncio o Evangelho, não é para mim motivo de glória, é antes uma obrigação que me foi imposta: ai de mim, se eu não evangelizar. (…) Qual é, portanto, a minha recompensa? É que, pregando o Evangelho, eu faço-o gratuitamente, sem me fazer valer dos direitos que o seu anúncio me confere.»

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