IX TC: «…o Filho do homem é também Senhor do sábado» - Ano B

Crónicas 2 junho 2018  •  Tempo de Leitura: 4

“Então? Já foste abastecer o frigorífico para a próxima semana? Não…?! Vais no domingo? Porquê?!
Não tiveste tempo… Não conseguiste passar pelo supermercado! Ok! Mas, tratas disso, certo?”

 

Esta é uma conversa normal de sábado.
Ao sábado, todos corremos para prepararmos a semana que está a entrar:
vamos ao talho… passamos pela frutaria…
não dispensamos uma ida ao mercado municipal para comprar os legumes biológicos e o peixe mais fresco!
O que nos faz andar felizes é saber que o domingo, o nosso descanso merecido, está a chegar!
No entanto, porque será que há Cristãos que trabalham ao domingo?
Para que eu não corra tanto durante o sábado… Aqui encontro um desconforto ao admitir o meu egoísmo!

 

«Recorda-te que foste escravo na terra do Egipto
e que o Senhor, teu Deus, te fez sair de lá com mão forte e braço estendido.»
Esta lembrança bate-me no peito, como uma bala!
Somos escravos deste mundo… e escravizamos o mundo!

 

Colocamos Deus atrás de uma prateleira de um supermercado e fazemos com que o Dia,
em que O devemos louvar, bendizer e adorar, seja apenas o Dia do descanso.
O Ritual, o Preceito de assistir à Eucaristia fica para depois,
pois temos de trabalhar ou de fazer com que alguém trabalhe…
«Não terás contigo um deus alheio, nem adorarás divindades estranhas.»
Já os Salmosnos alertavam para estas “divindades estranhas” do consumismo desmedido e
estamos cada vez mais perto de partir o vaso de barroextraordinário que Deus nos deu!

 

Hoje, a Liturgia do 9º domingo do Tempo Comum, do Ano B, manda-nos trabalhar ao domingo!!! Espantados? Não!
Jesus é, definitivamente, um operário da seara inato!
«O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado.»
As Palavras que profere transformam-se em realidade…
ganham vida e mudam a vida de quem as coloca em prática!
Quando a colheita do trabalho é o serviço e o bem…
Quando a bondade é capaz de converter as nossas mãos e a nossa boca,
para erguer quem está triste e para fazer sorrir quem sofre,
não podemos tomar outra atitude que não seja arregaçar as mangas e trabalhar!

 

Não deixes para amanhã, o que deves fazer hoje, mesmo que o hojeseja domingo.
Especialmente se for a tua folga, deverás transformá-la em redenção, em colheita farta e saborosa!
O dia em que descansas deve ter, obrigatoriamente, uma hora de oração intensa com o Senhor da Vida.
Deves dizer-lhe com toda a ternura:
“Obrigada, meu Senhor e meu Deus, por tudo o que tenho e por tudo o que posso partilhar!”
Nunca te esqueças que a seara é imensa e os trabalhadores são tão poucos e raros.
Vem e descobre que, depois do agradecimento ao Pai,
Jesus envia-te e não O queres «entristecido com a dureza dos nossos corações», pois não?
Traz tatuado no teu peito a explicação sábia de S. Paulo:
«Nós trazemos em vasos de barro o tesouro do nosso ministério,
para que se reconheça que um poder tão sublime vem de Deus e não de nós.»

 

Se sentes esse tesouro que «Das trevas brilhará a luz»em ti…
não faças do domingo a tua folga de Ser Cristão…
Saboreia cada segundo desse descanso ao despertares a Esperança,
naqueles que não sabem o quanto é bom «Estender a mão»ao próximo e
curá-lo com um gesto de carinho, com um abraço repleto de amor!
Vem! Vem colher a Espiga do Pão Vivoe da Palavra de Vida eterna, para que a tua folgatenha muito mais sabor!

Liliana Dinis

Cronista Litúrgica

Liliana Dinis. Gosta de escrever, de partilhar ideias, de discutir metas e lançar desafios! Sem música sente-se incompleta e a sua fonte inspiradora é uma frase da Santa Madre Teresa de Calcutá: “Sou apenas um lápis na mão de Deus!”
Viver ao jeito do Messias é o maior desafio que gosta de lançar e não quer esquecer as Palavras de S. Paulo em 1 Cor 9 16-18:
«Porque, se eu anuncio o Evangelho, não é para mim motivo de glória, é antes uma obrigação que me foi imposta: ai de mim, se eu não evangelizar. (…) Qual é, portanto, a minha recompensa? É que, pregando o Evangelho, eu faço-o gratuitamente, sem me fazer valer dos direitos que o seu anúncio me confere.»

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