Quando é que vais ter tempo para parar?

Crónicas 30 maio 2018  •  Tempo de Leitura: 2

No reino das perguntas difíceis, é possível que esta esteja em primeiro ou segundo lugar. Perante a velocidade das coisas que nos acontecem, o que conseguimos guardar? Perante o excesso de funcionalidades que nos são exigidas, o que conseguimos, de facto, fazer? Perante o exagero de imediatismos, o que poderá permanecer?


A verdade é que nenhum de nós parece ter respostas para estas perguntas. São válidas. Mas são difíceis. Temos pouco tempo para viver a sério e menos tempo ainda para fazer perguntas. Vivemos submersos no Reino dos Autómatos. No Reino do vale mais fazer muito do que fazer bem feito. No Reino das imposições feitas pelas televisões, pelas redes, pelas rádios. Vemos o que todos veem. Postamos (e repostamos!) o que todos postam. Ouvimos a música que todos ouvem. Se ousarmos comentar ou preferir outras alternativas, somos olhados de esguelha. Como se fosse estúpido pensar diferente. Ouvir diferente. Falar diferente. Viver diferente.


Passemos rapidamente às respostas que o tempo é um rastilho aflito e já está quase na hora de passar à tarefa seguinte.


Só guardamos o que vale a pena. Se os momentos se atropelam uns aos outros e se não há tempo e espaço para as nossas pessoas, não vai haver nada para guardar. Fotografias? Até podemos ter dezenas no instagramou no facebook. Se o momento não tiver sido vivido com o intuito de se guardar, as imagens são secas. Meros desertos de coisa nenhuma.


Fazer muito não é fazer bem. Fazer muito pode ser, simplesmente, uma sucessão de tarefas pouco pensadas e pouco amadas. O que não for feito com amor não passa de um projeto esqueleto que não chegará a lugar algum. Não sabes por onde começar? Começa por fazer o que sabes fazer melhor. Começa por não começar nada de novo se o que está para trás não tiver sido terminado.


Só permanece aquilo que se prefere. Aquilo que se escolhe com verdade e com coragem. Aquilo que nos abranda o coração.


Se tiveres tempo para ler uma última pergunta, aqui fica:


Quando é que vais (querer) ter tempo para parar?!

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Marta Arrais

Cronista

Nasceu em 1986. Possui mestrado em ensino de Inglês e Espanhol (FCSH-UNL). É professora. Faz diversas atividades de cariz voluntário com as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus e com os Irmãos de S. João de Deus (em Portugal, Espanha e, mais recentemente, em Moçambique)

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