A sogra de Pedro e os desafios colocados aos cristãos

Crónicas 6 fevereiro 2018  •  Tempo de Leitura: 3

O texto da cura da sogra de Pedro, no início da vida pública de Jesus, define decididamente que Deus é o nosso e que tipo de Igreja devemos ser.

 

Temos um Jesus que cura, que toma conta do outro; e um Jesus que reza, que se afasta das multidões para falar com o Pai. Assim deve ser a Igreja. Já o é, mas deve ser mais ainda.

 

Quando olho para a Vida Consagrada, consigo ver todas estas dimensões: os contemplativos e os da vida ativa. As Ordens e Congregações Religiosas são de tal maneira diversificadas que estão presentes no mundo através de hospitais, colégios, orfanatos e tantas outras áreas, como em conventos e mosteiros de clausura. São testemunhas do Evangelho, testemunhos vivos de Jesus. Totalmente consagrados a Deus, dedicam-se totalmente aos irmãos. E é neste sentido, que o Papa Francisco, pede a todos eles que despertem o mundo. Sejam capazes de levar a luz de Cristo onde há maior escuridão e assim, difundir a Sua esperança nos que se encontram desesperados, perdidos e sem confiança.

 

Continuemos a rezar por muitas e santas vocações à vida consagrada, como o fizemos no passado dia 2, na Festa da Apresentação do Senhor no Templo.

 

No entanto, nem os consagrados, nem os leigos cristãos podem ficar por um simples serviço caritativo ou "operativo da caridade".  Hoje, muitos recusam a fé porque afirmam que com a Revolução Francesa, os valores de origem cristã - liberdade, igualdade e fraternidade - já foram assumidos pela sociedade definitivamente. Para isso, dizem, basta ver a ética e as leis públicas. Como esses valores cristãos foram assimilados pela "laicidade", a Igreja tornou-se algo inútil.

 

Existem cristãos que têm uma "certa saudade" do tempo das perseguições, porque hoje passou-se da hostilidade à indiferença, o que os leva a sentirem-se um pouco "inúteis"... Mas existem cristãos que ainda são perseguidos pela sua fé! Mas ainda aqui, na europa, os princípios cristãos não estão completamente assimilados! Quantos pobres! Quanta solidão! Quanto abandono! Parece que só o belo, o bom é que triunfa...

 

Além disso, está a afirma-se uma ideia que nem só a cultura é liquida, como disse Zygmunt Bauman, mas também o próprio ser humano. Parece que o Homem é plasmável ao ponto de não estar "enraizado" no sangue e na carne. Puro conhecimento desencarnado que do qual se pode fazer a "transferência" para qualquer corpo. Com isto a liberdade viola os próprio limites da pessoa no seu eu, como os limites do outro. Será que esta liberdade é igualdade e fraternidade?

 

Os desafios que são colocados ao cristianismo são ainda muitos. E como terminou o Evangelho deste domingo: «Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de pregar aí também, porque foi para isso que Eu vim». (Mc 1, 38)

 

Foi para isso que Jesus deixou a casa do Pai e é para isso que a Igreja deve ser uma comunidade em saída.

 

Votos de uma santa semana em saída.

 

[©Foto Joao Aguiar Campos]

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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