Ângelus: ir em missão, não é fazer turismo. Não ter medo do sofrimento

Vaticano 26 junho 2017  •  Tempo de Leitura: 7

Vaticano, 25 de junho de 2017. Como já hábito, também neste domingo 25 de Junho, o Papa Francisco assomou ao meio dia à Janela do Palácio Apostólico para rezar o Ângelus com os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro e com quantos o escutavam através dos media.

 

A oração foi precedida duma reflexão sobre o Evangelho deste domingo, em que São Mateus fala da forma como Jesus preparou os seus discípulos para a missão ad gentes.

 

Ir em missão – frisou logo o Papa – "não é fazer turismo", e ser enviado por Cristo não garante sucesso aos apóstolos. Poderão encontrar dificuldades. Então, Jesus recomenda-lhes que não tenham medo das pessoas, que não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas não têm o poder de matar a alma. Eles, os apóstolos, devem, portanto ter presente  que poderão ter que enfrentar recusas e perseguições, falências e sofrimentos.  Isto – disse Francisco – assusta um pouco, mas é a verdade!

 

Os discípulos são chamados a conformar a sua vida com a de Cristo que foi perseguido pelos homens, passou pela recusa, pelo abandono e pela morte na cruz – disse Francisco que acrescentou:

 

“Não existe a missão cristã sob o signo da tranquilidade; não existe a missão cristão sob o signo da tranquilidade; as dificuldades e as tribulações fazem parte da obra de evangelização e nós somos chamados a encontrar nelas a ocasião para verificar a autenticidade da nossa fé e da nossa relação com Jesus. Devemos considerar essas dificuldades como uma possibilidade para ser ainda mais missionários e para crescer naquela confiança em Deus, nosso Pai que nunca abandona os seus filhos na hora da tempestade”.

 

No Evangelho deste domingo, Jesus repete três vezes aos apóstolos: “Não tenhais medo!”  Isto recorda-nos  - insistiu Francisco - que somos sempre assistidos pela solicitude amorosa do Pai.

 

O Papa recordou depois que também hoje “a perseguição contra os cristãos está presente”

 

“Nós rezamos pelos nossos irmãos e irmãs que são perseguidos, e louvamos a Deus porque, não obstante isto, continuam a dar testemunho da sua fé com coragem e fidelidade”

 

Bergoglio pediu a Deus para que o exemplo desses cristãos perseguidos nos ajude a dar, com coragem no dia-a-dia,  o nosso testemunho mesmo em situações aparentemente tranquilas.

 

“Com efeito, uma forma de provação pode ser também a ausência de hostilidades e de tribulações. Para além de nos enviar como “cordeiros no meio de lobos”, o Senhor, mesmo no nosso tempo, nos manda como sentinelas para o meio das pessoas que não querem ser acordadas do torpor mundano, que ignoram a palavra da Verdade do Evangelho, construindo as suas próprias efémeras verdades. E se nós vamos ou vivemos nesses contextos e proclamamos a Palavra do Evangelho, isto incomoda e não nos verão de bons olhos”.

 

Mas em qualquer situação – sublinhou mais uma vez o Papa – Cristo continua a dizer-nos para não termos medo, uma palavra que não devemos esquecer – recomendou Francisco:  mesmo em situações de perseguição, sofrimento, tribulações – “escutemos a voz de Cristo no coração: “Não tenhais medo, não ter medo, vai para a frente!, Eu estou contigo!”

 

Não ter medo – continuou o Papa de quem troça de vós, de quem vos maltrata, de quem vos ignora, ou em frente vos honra,  mas atrás combate o Evangelho. “Todos os conhecemos!”  - disse – mas Jesus nunca nos deixa sós, porque somos preciosos para Ele, e Ele nos acompanha.

 

E o Papa concluiu a sua reflexão sobre o Evangelho deste domingo pedindo a Nossa Senhora, modelo de humilde e corajosa adesão à Palavra de Deus, para nos ajudar a compreender que no testemunho da fé, não contam os secessos, mas sim a fidelidade, a fidelidade a Cristo.

 

Palavras depois do Ângelus 

 

Após a recitação da oração das Avé Marias, o Papa exprimiu a sua proximidade em relação às populações da aldeia chinesa de Xinmo, atingida sábado de manhã por um desabamento de terreno causado por fortes chuvas.

 

O Papa disse que reza pelos defuntos e pelos feridos e por quantos perderam a própria casa. Pediu a Deus para que conforte as famílias e sustenha os socorristas. “Estou muito próximo de vós”, repetiu o Papa, fazendo um silencio seguido do aplauso do público.

 

Depois, o Papa recordou que neste domingo é proclamado beato em Vilnius, na Lituânia, o bispo Teófilo Matulionis, martirizado devido à sua fé em Cristo, em 1962, quando já tinha 90 anos.

 

“Louvemos a Deus pelo testemunho deste árduo defensor da fé e da dignidade do homem. Saudemos com um aplauso a ele e a todos o povo lituano.”

 

A seguir, Francisco saudou a todos os peregrinos presentes, de Roma e não só. Evocou de modo particular o arcebispo  Maior, os Bispos, os sacerdotes e os fieis da Igreja greco-católica da Ucrânia, assim como os peregrinos da Bielorússia, que estão a comemorar os 150 anos da canonização de São Josafat. O Papa disse que se unia a eles na Missa que dali a pouco iam celebrar na Basílica de São Pedro em memória deste santo, e invocou do Senhor, para cada um deles, “a coragem do testemunho cristão e o dom da paz para a cara terra da Ucrânia.” 

 

Depois, uma saudação aos ministrantes de Komorow (Polónia) e outros fieis polacos, referindo-se também à peregrinação ao Santuário Mãe de Deus de Gietrzwald.

 

E, finalmente, uma referência aos fieis chilenos de Santiago do Chile, Rancágua e Copiapó, assim como os fieis franceses de Montpelier e da Córsica.

 

Não faltou uma saudação aos crismandos italianos de Tombolo e aos peregrinos da Ordem dos Mínimos de São Francisco de Paula.

 

A todos, o Papa desejou bom domingo e pediu que não nos esqueçamos de rezar por ele. 

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