Papa: Cinco respostas para resistir à tentação

Vaticano 11 março 2019  •  Tempo de Leitura: 4

O Evangelho deste primeiro domingo da Quaresma (cf. Lucas 4,1-23) narra a experiência das tentações de Jesus no deserto. Depois de ter jejuado durante 40 dias, Jesus é tentado três vezes pelo diabo. Este, primeiro, convida-o a transformar uma pedra em pão; depois, mostra-lhe, do alto, os reinos da Terra e propõe-lhe tornar-se um Messias poderoso e glorioso; por fim, conduz-lo ao ponto mais alto do tempo de Jerusalém e convida-o a lançar-se dali abaixo, para manifestar de maneira espetacular o seu poder divino.

 

As três tentações apontam três caminhos que o mundo propõe sempre, prometendo grandes sucessos, três caminhos para nos enganar: a avidez da posse, a glória humana, a instrumentalização de Deus. São três caminhos em que nos perderemos.

 

O caminho da avidez da posse. É sempre esta a lógica insidiosa do diabo. Ele parte da natural e legítima necessidade de alimentar-se, de viver, de realizar-se, de se ser feliz, para nos impelir a acreditar que tudo isso é possível sem Deus, aliás, até contra Ele. Mas Jesus opõe-se, dizendo: «Está escrito: “Não só de pão o homem viverá”». Recordando o longo caminho do povo eleito através do deserto, Jesus afirma que quer abandonar-se com plena confiança à providência do Pai, que cuida sempre dos seus filhos.

 

Segunda tentação: o caminho da glória humana. O diabo diz: «Se te prostrares em adoração perante mim, tudo será teu». Irmãos e irmãs, pode perder-se toda a dignidade pessoal se nos deixamos corromper pelos ídolos do dinheiro, do sucesso e do poder, apesar de conseguir a auto-afirmação. E saboreia-se a ebriedade de uma alegria vazia, que bem depressa se desvanece. Assim acabamos por fazer de pavões. Por isso Jesus responde: «Só ao Senhor teu Deus te prostrarás, só Ele adorarás».

 

Terceira tentação: instrumentalizar Deus para vantagem pessoal. Ao diabo que, citando as Escrituras, o convida a procurar de Deus um milagre extraordinário, Jesus opõe de novo a firma decisão de permanecer humilde e confiante diante do Pai: «Foi dito: “Não colocarás à prova o Senhor teu Deus”». Assim Jesus rejeita aquela que é talvez a tentação mais subtil: querer “arrastar Deus para o nosso lado”, pedindo-lhe graças que na realidade servem para satisfazer o nosso orgulho.

 

São estes os caminhos que nos são postos à frente, com a ilusão de poder obter assim o sucesso e a felicidade. Mas, na realidade, eles são totalmente estranhos à maneira de agir de Deus; ao contrário, com efeito, separam-nos de Deus, porque são obras de Satanás. Jesus, enfrentando em primeira pessoa estas provações, vence por três vezes a tentação, para aderir plenamente ao projeto do Pai. E indica-nos os remédios: a vida interior, a fé em Deus, a certeza do seu amor, a certeza de que Deus nos ama, que é Pai, e com esta certeza venceremos qualquer tentação.

 

Aproveitemos, portanto, a Quaresma, como tempo privilegiado para nos purificarmos, para experimentarmos a consoladora presença de Deus na nossa vida. A materna intercessão da Virgem Maria, ícone de fidelidade a Deus, nos apoie no nosso caminho, ajudando-nos a rejeitar sempre o mal e a acolher o bem. (…)

 

Desejo a todos que o caminho quaresmal, há pouco iniciado, seja rico de frutos; e peço-vos uma recordação na oração por mim e para os colaboradores da Cúria Romana, que esta tarde iniciam a semana de Exercícios Espirituais [até sexta-feira]. Bom domingo! Bom almoço! E adeus!

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